sábado, 3 de agosto de 2013

links interessantes para pesquisar sobre Parnasianismo/ simbolismo

1. Parnasianismo.
(http://www.slideshare.net/lmarttin/parnasianismo8332135?src=related_normal&rel=7300990)
Descrição: Este site apresenta slides sobre o Parnasianismo (definição, momento histórico, autores e obras).
2. Conceito de Belle Époque.
(http://www.infoescola.com/artes/belle-epoque/)
Descrição: Este site apresenta definição de Belle Époque.
3. Art Nouveau.
(http://www.brasilescola.com/historiag/art-nouveau.htm)
Descrição: Este site apresenta as origens do Art Nouveau e as características deste movimento artístico.
4. Art Nouveau.
(http://www.slideshare.net/danielbohn/art-nouveau-472377)
Descrição: O slide apresenta a origem, o conceito, os principais artistas e as principais obras desse período artístico francês.

http://www.brasilescola.com/historiag/art-nouveau.htm

COMPETÊNCIA /HABILIDADE2:
Reconhecer o ideal estético da arte pela arte em contraposição à análise objetiva da realidade.
SUGESTÕES ON LINE:
5. A estética “A arte pela arte".
(http://www.portugues.com.br/literatura/estilos-epoca/parnasianismo-estetica-arte-pela-arte.html)
Descrição: Este site fala da estética da “arte pela arte” do Parnasianismo.

COMPETÊNCIA /HABILIDADE3:
Reconhecer na estética simbolista traços da tendência pessimista do “fim do século".
SUGESTÕES ON LINE:
6. A estética simbolista.
(http://pt.shvoong.com/books/classic-literature/2201543-simbolismo-est%C3%A9tica-simbolista/)
Descrição: Este site apresenta um artigo que fala sobre a estética simbolista.
7. Simbolismo.
(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/simbolismo/simbolismo-2.php)

Parnasianismo



ROTEIRO DE ATIVIDADES
- 3º bimestre da 2ª Série do Ensino Médio: 1º CICLO -

POESIA NO PARNASIANISMO

TEXTO GERADOR I

O primeiro texto gerador desse ciclo, As pombas, é de autoria de Raimundo Correia. A obra desse poeta normalmente remete a temas como a natureza, a perfeição formal dos objetos e a cultura clássica.

As pombas

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...

(Raimundo Correia)

Vocabulário:
Céleres – Velozes.
Nortada – Vento frio e/ou áspero que sopra do norte.
Revoada – Bando de aves que revoam.
Ruflar – Agitar as asas para voar.


ATIVIDADE DE LEITURA

QUESTÃO 1
Os poetas parnasianos tinham como um de seus preceitos básicos o culto da forma. Por essa razão, cultivavam o soneto: composição poética de 14 versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos, apresentando métrica regular – normalmente versos alexandrinos (12 sílabas poéticas) e decassílabos (10 sílabas poéticas) – e rima.

A) Sobre o poema “As pombas”, assinale a alternativa correta:

(a)    É um soneto de versos alexandrinos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD/EED (nos tercetos).
(b)   É um soneto de versos decassílabos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD/EED (nos tercetos).
(c)    É um soneto de versos alexandrinos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD (nos tercetos).
(d)   É um soneto de versos decassílabos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD (nos tercetos).


B) Muitos sonetos parnasianos cultivaram a rima rica, ou seja, rimas entre palavras de classes gramaticais diferentes. No poema “As pombas”, temos um exemplo de rima rica na seguinte alternativa:

(a)    soltam/voltam
(b)   abotoam/voam
(c)    pombais/mais
(d)   nortada/revoada


ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

QUESTÃO 2
“As pombas” é um soneto terminado com “chave de ouro”, isto é, um verso final bem escrito, que procura condensar uma ideia e arrematar o poema com um belo efeito. A figura de linguagem que contribuiu para a construção do efeito “chave de ouro” no referido poema foi:

(a)    antítese
(b)   elipse
(c)    anáfora
(d)   hipérbato



TEXTO GERADOR II

O segundo texto gerador do ciclo intitula-se A um poeta. Seu autor, Olavo Bilac, é considerado o “ourives da linguagem” devido a sua preocupação com a forma poética.

A um poeta

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.

(Olavo Bilac)

Vocabulário:
Artifício – Recurso engenhoso.
Beneditino – Aquele que segue as regras de São Bento, fundador do sistema monástico cristão. Monge da Ordem de São Bento.
Claustro – Ambiente de isolamento.
Estéril – Improdutivo.
Suplício – Aflição.
Turbilhão – Movimento.


ATIVIDADE DE LEITURA

QUESTÃO 3

Leia o fragmento a seguir:

“A busca da objetividade temática e o culto da forma são as mais importantes características do Parnasianismo. Os poetas parnasianos opunham-se ao individualismo, ao sentimentalismo e ao subjetivismo românticos, e procuraram voltar sua poesia para temas que consideravam mais universais, como a natureza, a história, o amor, os objetos inanimados, além da própria poesia. Essa poética da impessoalidade era reforçada pelo gosto da descrição e do rigor formal. O ideal da "arte pela arte" resultou em acentuada preocupação com a versificação e a metrificação, pois se acreditava que a Beleza residia também na forma.” (Disponível em: http://www.itaucultural.org.br)

Em “A um poeta”, Olavo Bilac aproxima o ofício de ser poeta ao ofício de um escultor: ambos buscam moldar, perfeitamente, a forma de seus objetos estéticos. Tendo por base a leitura do poema de Olavo Bilac e do fragmento acima, responda:

a)      Explique por que o último verso da 1ª estrofe é representativo do ideal da “arte pela arte”.

b)      Destaque um verso no qual o eu-lírico exteriorize a ideia de que o esforço empreendido na busca pela forma perfeita não pode transparecer no resultado final da poesia.


ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

QUESTÃO 4
Termos acessórios da oração são aqueles que, embora não integrem necessariamente a estrutura básica da oração, contribuem por informarem características ou circunstâncias relativas a um substantivo, pronome ou verbo. O aposto é um dos termos acessórios da oração, que tem por função explicar, esclarecer, resumir ou comentar algo sobre um termo de natureza nominal. Em “A um poeta”, destaque um aposto e diga o nome ao qual ele está relacionado.


TEXTO GERADOR III

O poema seguinte é da autoria de Alberto de Oliveira, um dos grandes representantes do Parnasianismo. Através deste poema, será possível aprofundar as relações das características da estética ao seu contexto social e histórico.


O Ídolo
                                  
Sobre um trono de mármore sombrio,
Em templo escuro, há muito abandonado,
Em seu grande silêncio, austero e frio
Um ídolo de gesso está sentado.

E como à estranha mão, a paz silente
Quebrando em torno às funerárias urnas,
Ressoa um órgão compassadamente
Pelas amplas abóbadas soturnas.

Cai fora a noite - mar que se retrata
Em outro mar - dois pélagos azuis;
Num as ondas - alcíones de prata,
No outro os astros - alcíones de luz.

E de seu negro mármore no trono
O ídolo de gesso está sentado.
Assim um coração repousa em sono...
Assim meu coração vive fechado.

(Alberto de Oliveira)


Vocabulário:
Alcíones – Estrela de terceira grandeza, a mais brilhante das Plêiades.
Austero – Severo.
Pélago(s) – Abismo marítimo; pego. 2. mar alto.
Silente – Silencioso, calado, que não faz barulho.
Soturno – Assustador; amedrontador; apavorante; terrível.


Atividade de Leitura

Questão 5
A Belle Époque pode ser considerada a época dourada das elites europeias. Os cabarés, os cafés parisienses e o can-can (dança típica de cabaré) compõem a imagem da riqueza e modernidade da França no final do século XIX. O processo de urbanização ocorrido na cidade do Rio de Janeiro tomou a sofisticação francesa por modelo, como comprovaram as construções arquitetônicas. Além disso, o comportamento do brasileiro, o modo de falar usando muitas expressões francesas e hábitos como tocar piano também demonstraram a força dessa influência. O Parnasianismo, alheio às questões da realidade, representou a tradução poética de um período de euforia e de relativa tranquilidade social, no qual a forma se sobrepôs às ideias.

Sobre a poesia criada na Belle Époque brasileira, pesa a acusação de “afetação pelo preciosismo da linguagem e da forma, buriladas como preciosa ourivesaria e superficialidade pela recusa das questões político-sociais de seu tempo” (BARROS, Fernando Monteiro de. Parnasianismo brasileiro: Conservador e transgressor. Fólio – Revista de Letras. Vitória da Conquista. v.3, n. 1. Jan/ Jun. 2011. p. 22).

Retire da 1ª estrofe do poema de Alberto de Oliveira um verso que comprove a afirmação e explique por quê.


ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

Questão 6
Segundo Rocha Lima, figuras de linguagem são formas de expressar o pensamento ou o sentimento “com energia e colorido, a serviço das intenções estéticas de quem as usa”. Representam, portanto, recursos linguísticos explorados principalmente pelos escritores, que buscam se comunicar com vivacidade e beleza.
        
A) Percebemos, na estrofe abaixo, a presença da figura de linguagem comparação.  Comparação ou símile é uma correlação de ideias em que se utilizam elementos comparativos (como, conforme, tal como etc).  Releia a estrofe destacada abaixo e assinale a opção em que se identifica o emprego dessa figura:

“E como à estranha mão, a paz silente
Quebrando em torno às funerárias urnas,
Ressoa um órgão compassadamente
Pelas amplas abóbadas soturnas”.

(a) “Jorra do teu olhar um rio luminoso”. (Olavo Bilac)
(b) “Enquanto mandas as ninfas amorosas grinaldas nas cabeças pôr de rosas.” (Camões)
(c) “Qual um filósofo, o poeta vive a procurar o mistério oculto das cousas.”
(d) “Vi claramente visto o lume vivo.” (Camões)
(e) “Astros, noites tempestades,
      Rolai das imensidades!”     (Castro Alves)


B) A poesia parnasiana sustenta-se enquanto forma bem lapidada, cuja matéria-prima é um vocabulário raro, numa sintaxe elaborada. Em busca do rebuscamento, os poetas lançam mão de inúmeros recursos estilísticos, dentre os quais as figuras de linguagem. Identifique a figura de linguagem presente neste verso do poema “O ídolo”:

Assim um coração repousa em sono...”

(a) hipérbole, porque há um exagero de expressão.
(b) eufemismo, porque há uma suavização de ideia.
(c) metonímia, porque se substitui uma parte pelo todo.
(d) anáfora, porque há uma repetição de palavras.
(e) antítese, porque há palavras opostas justapostas.


C) Na busca da perfeição formal, o poeta parnasiano usa o ritmo, a métrica, a versificação. Para criar imagens sugestivas, ele lança mão de figuras de linguagem. Com bastante descritivismo, Alberto de Oliveira nos remete a uma imagem, nesta estrofe abaixo, criada a partir de uma sequência de:

“Cai fora a noite - mar que se retrata
Em outro mar - dois pélagos azuis;
Num as ondas - alcíones de prata,
No outro os astros - alcíones de luz.”

(a) metonímias, porque se substitui parte de uma idéia pelo todo, pelo conjunto.
(b) metáforas, porque há comparações feitas de forma indireta.
(c) antíteses, porque há ideias opostas.
(d) sinestesias, porque há misturas de sensações.
(e) catacreses, porque há esvaziamento do sentido de uma palavra em detrimento a outra.




TEXTO COMPLEMENTAR

O poema Os sapos, da autoria de Manuel Bandeira, lido durante a Semana de Arte Moderna, ridiculariza a excessiva preocupação formal dos parnasianos.



abilidades do eixo lda graúna 

Os Sapos

(...)

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

(...)
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

(...)

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

(...)

Manuel Bandeira

Vocabulário:
Assomo – Sinal.
Cancioneiro – Coleção de canções, coleção de poesias líricas.
Cognatos – Palavras que apresentam o mesmo radical. Ex.: pedra, pedreiro. 
Lavor – Trabalho.
Perau – Declive rápido do fundo do mar ou de um rio, junto à costa ou à margem.


AtividadeS de Leitura

Questão 7
Uma tendência forte do primeiro momento do Modernismo foi fazer o poema-piada, modalidade em que se enquadra o poema “Os sapos”. Manuel Bandeira satiriza o movimento parnasiano, criticando a preocupação excessiva com o aspecto formal. Essa foi outra grande tendência do movimento modernista: criticar a literatura parnasiana, que os modernistas consideravam ultrapassada.
A partir das estrofes destacadas, reconheça as características da poética parnasiana que eram tão criticadas pelos poetas modernistas.

A)

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.


B)

“Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.”

C)

“Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.”


Questão 8
Segundo Alfredo Bosi, o movimento modernista pretendia “mover as águas estagnadas da Belle Époque” e denunciar o atraso cultural do país. A Belle Époque foi um período em que se acreditava no progresso e na infinitude das riquezas e dos benefícios gerados por ele.
O poema Os sapos de Manuel Bandeira sintetiza esse objetivo de mexer nas “águas estagnadas”. Para isso, o poeta usa a imagem do sapo-tanoeiro que representaria os poetas parnasianos e sua preocupação excessiva com a rima e a métrica. Para os modernistas, esse rigor com a linguagem distanciaria a poesia do povo, como revela o final do poema.
Releia as duas últimas estrofes do poema e explique de que forma esses versos confirmam a intenção crítica:

Caixa de texto: “Longe dessa grita, 
Lá onde mais densa 
A noite infinita 
Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo, 
Sem glória, sem fé, 
No perau profundo 
E solitário, é”



ATIVIDADES DE PRODUÇÃO TEXTUAL

QUESTÃO 9
Paráfrase “é a reafirmação, em palavras diferentes, do mesmo sentido de uma obra escrita. Uma paráfrase pode ser uma afirmação geral da ideia de uma obra como esclarecimento de uma passagem difícil. Em geral ela se aproxima do original em extensão” (SANT’ANNA, p. 17).

Agora, você produzirá uma paráfrase a partir de um dos poemas parnasianos que você leu.


QUESTÃO 10
Originalmente, o soneto (pequeno som), como o próprio nome sugere, era composto para ser cantado. As características estruturais e prosódicas dessa composição poética foram aproveitadas pela banda brasileira Kid Abelha, que musicou o poema parnasiano “Via Láctea” (soneto XIII), de Olavo Bilac.
Outro famoso caso de transposição poema/música se deu com o poema “As pombas”, de Raimundo Correia, musicado por Chiquinha Gonzaga, compositora e maestrina carioca nascida no final do século XIX. O soneto de Bilac e a versão musicada pelo grupo Kid Abelha podem ser observados a seguir.

 

Via Láctea- Soneto XIII

 

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso" Eu vou direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de encanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um páleo aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem quando estão contigo?".

E eu vos direi "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".

(Olavo Bilac)

 

Ouvir Estrelas

 

Direi ouvir estrelas
Certo perdestes o senso
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouvi-las
Muita vez desperto
E abro as janelas,
Pálido de espanto
Enquanto conversamos
Cintila via láctea
Como um pálido aberto
E ao vir do sol,
Saudoso e em pranto
Inda as procuro pelo céu deserto
Que conversas com elas
O que te dizem
Quando estão contigo
Ah... Amai para entendê-las
Ah... Pois só que ama pode ouvir estrelas

(Kid Abelha)
Vocabulário:
Cintila – Resplandece.
Páleo – Antigo, velho.
Tresloucado – Louco, desvairado.

Agora é a sua vez! Escolha um dos sonetos que compõem este Roteiro de Atividades para, em seguida, musicá-lo.

Simbolismo



ROTEIRO DE ATIVIDADES
- 3º bimestre da 2ª Série do Ensino Médio: 2º CICLO -

POESIA NO SIMBOLISMO / CANÇÃO

TEXTO GERADOR 1

Este Texto Gerador é de autoria de Cruz e Souza. Negro e filho de escravos, o poeta enfrentou o preconceito e se tornou um dos maiores nomes do Simbolismo no Brasil. Cruz e Sousa tem como temas constantes em sua obra a sublimação, o espiritualismo, o misticismo, a religiosidade, a pregação do amor e da grandeza moral. Cárcere das almas é um soneto bastante ilustrativo da estética simbolista e focaliza a espiritualidade, a sublimação.

CÁRCERE DAS ALMAS (Cruz e Sousa)

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e funéreas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,
Que chaveiro do Céu possui as chaves
Para abrir-vos as portas do Mistério?!


Atroz: desumana, aflitiva.

Calabouço: prisão subterrânea;
cárcere; cadeia.

Cárcere: calabouço.

Colossais: com proporções de colosso
(agigantado, excepcional, grande
poderio ou soberania), extraordinárias.

Etéreo: celestial; sublime.

Funéreas: fúnebres (relativo à morte)

Grilhões: cadeias; laços, prisões.


ATIVIDADE DE LEITURA

QUESTÃO 1:
O Simbolismo é um movimento literário que reflete um momento histórico bastante complexo: marca a transição para o século XX. Os males advindos da Revolução Industrial (a superpopulação nas grandes cidades, a briga por mercados consumidores, guerras entre as grandes potências etc.) aliados à incerteza quanto à eficiência dos métodos científicos na busca da compreensão do real, promovem uma crise: o homem é levado ao sentimento da descrença, da desesperança, do desalento. O período é tomado por um pessimismo que se reflete no abandono das correntes materialistas e no refúgio na realidade subjetiva, no inconsciente e no espiritualismo.

O poema “Cárcere das almas” traz uma temática que exemplifica, de forma clara, a tendência pessimista que marcou o fim do século XIX. No poema, nota-se uma preocupação do eu-lírico acerca da existência humana. Tendo em vista essa observação, responda:

a)      De acordo com a 1ª estrofe do poema, a que limitação o ser humano estaria submetido?

b)      Destaque pelo menos um par de versos da 3ª estrofe em que se reafirma o estado doloroso e angustiante em que se encontram as almas.


ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

QUESTÃO 2:
A primeira e a terceira estrofes do poema são iniciadas por uma interjeição (Ah!/Ó), ou seja, por uma palavra invariável que é utilizada para exprimir diferentes emoções, apelo ou estado de espírito. Sobre o valor expressivo dessas interjeições, pode-se afirmar que:
a) A interjeição “Ah!” exprime uma invocação, e a interjeição “Ó” exprime a alegria do eu - lírico.
b) A interjeição “Ah!” exprime a alegria do eu-lírico, e a interjeição “Ó” exprime espanto/admiração.
c) A interjeição “Ah!” exprime espanto/admiração, e a interjeição “Ó” exprime uma invocação.
d) A interjeição “Ah!” exprime a alegria do eu-lírico, e a interjeição “Ó” exprime uma invocação.


TEXTO GERADOR 2

O poema Violões que choram, do poeta Cruz e Sousa, é uma referência no estudo do Simbolismo, principalmente quando a intenção é focalizar a musicalidade, uma das principais características dessa estética.

VIOLÕES QUE CHORAM (Cruz e Souza)

Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
bocas murmurejantes de lamento.

Noites de além, remotas, que eu recordo,
noites de solidão, noites remotas
que nos azuis das Fantasias bordo,
vou constelando de visões ignotas.

Sutis palpitações à luz da lua
anseio dos momentos mais saudosos,
quando lá choram na deserta rua
as cordas vivas dos violões chorosos.

Quando os sons dos violões vão soluçando,
quando os sons dos violões nas cordas gemem,
e vão dilacerando e deliciando,
rasgando as almas que nas sombras tremem.

Harmonias que pungem, que laceram,
dedos nervosos e ágeis que percorrem
cordas e um mundo de dolências geram,
gemidos, prantos, que no espaço morrem...

E sons soturnos, suspiradas mágoas,
mágoas amargas e melancolias,
no sussurro monótono das águas,
noturnamente, entre ramagens frias.

Vozes veladas, veludosas vozes,
volúpias dos violões, vozes veladas,
vagam nos velhos vórtices velozes
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.




Constelando: “elevando aos céus” (imaginando).

Dilacerando: afligindo muito.

Dolências: Aflições, lágrimas, em estado doloroso, plangentes.

Ignotas: desconhecidas, ignoradas.

Laceram: se afligem muito.

Monótono: em um só tom.

Murmurejantes: rumorejantes (sussurrar), murmurar.

Palpitações: movimentos desordenados e agitados; consciência de batimento cardíaco.

Plagentes: lamentosos, gemedores.

Pungem: afligem, ferem.

Ramagens: conjunto de ramos de uma planta.

Remotas: distantes.

Soturnos: tristes

Sutis: delicadas.

Veladas: em estado de alerta, secretas, tratadas com zelo; fonemas que se articulam junto ao véu palatino.

Volúpias: grande prazer dos sentidos.          
Vórtices: redemoinhos, remoinhos

Vulcanizadas: resistentes.
ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

QUESTÃO 3:
A musicalidade é uma das características mais destacadas da estética simbolista. Na construção da musicalidade, diferentes recursos sonoros são empregados: a aliteração (repetição de sons consonantais), a assonância (repetição de sons vocálicos), a métrica e a rima. Desse modo:
a)      Identifique um verso em que seja marcante a figura sonora aliteração, informe qual o som que marca essa aliteração e o que essa repetição do som pode sugerir.

b)      Analise a 7ª estrofe e identifique quais são os sons vocálicos que se repetem de forma harmônica em cada verso.

c)      Identifique o esquema de rima das quatro primeiras estrofes do poema e diga se são alternadas, intercaladas, emparelhadas ou mistas.


TEXTO GERADOR 3

A canção “Ode aos ratos” integra o CD Carioca, lançado por Chico Buarque no ano de 2006. A canção foi escolhida por ser de autoria de um dos maiores compositores da Música Popular Brasileira, por ser contemporânea e por conter claros exemplos de recursos ligados à musicalidade.

ODE AOS RATOS

Rato de rua
Irrequieta criatura
Tribo em frenética proliferação
Lúbrico, libidinoso transeunte
Boca de estômago
Atrás do seu quinhão

(...)

Saqueador da metrópole
Tenaz roedor
De toda esperança
Estuporador da ilusão
Ó meu semelhante
Filho de Deus, meu irmão

Rato
Rato que rói a roupa
Que rói a rapa do rei do morro
Que rói a roda do carro
Que rói o carro, que rói o ferro
Que rói o barro, rói o morro
Rato que rói o rato
Ra-rato, ra-rato
Roto que ri do roto
Que rói o farrapo
Do esfarra-rapado
Que mete a ripa, arranca rabo
Rato ruim
Rato que rói a rosa
Rói o riso da moça
E ruma rua arriba
Em sua rota de rato



Arriba: para cima.

Estuporador: Ser que se torna desprezível, que se zanga, que fica furioso.

Frenética: agitada.

Irrequieta: agitada.

Libidinoso: libertino (que não se prende às convenções sociais, especialmente, em relação ao comportamento sexual).

Lúbrico: lascivo (libidinoso).

Ode: Composição poética de caráter lírico.

Proliferação: reprodução.

Quinhão: cota.

Tenaz: obstinado (teimoso).

Transeunte: Indivíduo que passa.



ATIVIDADES DE LEITURA

QUESTÃO 4:
A poesia é uma composição literária escrita em versos. Embora não seja concebida com melodia, conforme a canção, é possível notar que muitos poemas apresentam recursos sonoros que conseguem sugerir musicalidade aos versos. A canção, diferente da poesia, é constituída por letra e melodia: ela é feita para ser cantada. A letra e a melodia formam um todo que confere harmonia à composição da canção.

Na canção “Ode aos ratos”, de Chico Buarque, além de haver uma melodia (intrínseca a toda canção), há a presença de recursos sonoros – também facilmente encontrados nos poemas simbolistas – que contribuem para reforçar a musicalidade dos versos. Destaque dois recursos sonoros empregados pelo compositor nessa canção.

 

 

QUESTÃO 5:

A ambiguidade consiste na duplicidade de sentidos que pode existir em um vocábulo, em uma frase ou na totalidade de um texto. Quando não-intencional, a ambiguidade é vista como um problema do texto; entretanto, quando utilizada de modo intencional, ela representa um importante recurso expressivo e se faz presente em diferentes gêneros textuais: tiras cômicas, propagandas, poesias, canções.

 

O título da canção, “Ode aos ratos” sugere que a letra poderá ser entendida como uma exaltação (“Ode”) ao ser “rato”. Tendo em vista esse comentário e o fragmento acima, responda:

 

a)      Na primeira estrofe de “Ode aos ratos”, que informações ajudam a descrever o animal rato?

 

b)       Na segunda estrofe, há um par de versos em que o eu-lírico se identifica com esse ser que descreve. Destaque-o.

 

c)      Considerando as características e os comportamentos apontados sobre o “ser” rato, pode-se dizer que a letra apresenta ambiguidade? Justifique sua resposta.



TEXTO GERADOR 4

Alphonsus de Guimaraens é um grande representante do Simbolismo. Sua poesia é marcada pelo tema da morte e pela musicalidade. Este poema transmite um conflito existencial, expresso pelo mistério fúnebre, pela dor de existir e pelo ritmo das fases da vida.

A E I O U (Alphonsus de Guimaraens)

Manhã de primavera. Quem não pensa
Em doce amor, e quem não amará?
Começa a vida. A luz do céu é imensa...
A adolescência é toda sonhos. A.

O luar erra nas almas. Continua
O mesmo sonho e oiro, a mesma fé.
Olhos que vemos sob a luz da lua...
A mocidade é toda lírios. E.

Descamba o sol nas púrpuras do ocaso.
As rosas morrem. Como é triste aqui!
O fado incerto, os vendavais do acaso...
Marulha o pranto pelas faces. I.

A noite tomba. O outono chega. As flores
Penderam murchas. Tudo, tudo é pó.
Não mais beijos de amor, não mais amores...
Ó sons de sinos a finados! O.

Abre-se a cova. Lutulenta e lenta,
A morte vem. Consoladora és tu!
Sudários rotos na mansão poeirenta...
Crânios e tíbias de defunto. U.




Descamba: Declina.

Fado: destino.

Lutulenta: lamacenta.

Marulha: agita-se (o mar), formando ondas que, nesse texto, se referem ao mar de lágrimas.

Ocaso: desaparecimento do sol do horizonte; ocidente, poente; fim; morte.

Oiro: ouro.
                    
Púrpuras: vocabulário relativo à cor vermelha.

Rotos: que se romperam; rasgados; maltrapilhos.


Sudários: espécie de lençol para envolver cadáveres.


ATIVIDADES DE USO DA LÍNGUA

QUESTÃO 6:
O poema “AEIOU”, de Alphonsus de Guimaraens, possui uma construção pautada nas vogais, representando o estado de espírito do eu-lírico em cada estrofe. Há uma sequência, que vai desde um ânimo otimista até uma sensação pessimista, realçada por figuras de linguagem, como a metáfora e a metonímia.

  1. No verso “A mocidade é toda lírios”, a construção de imagem foi possibilitada por qual figura de linguagem?
(A) Comparação, pois ocorre uma comparação entre mocidade e lírios.
(B) Metonímia, pois o enunciado sugere a troca de mocidade por lírios.
(C) Metáfora, pois a alegria da mocidade é associada à beleza dos lírios.
(D) Sinestesia, pois há uma mistura de sensações entre mocidade e lírios.


  1. Explique como essa figura de linguagem atua na construção de uma imagem sugestiva no poema.


QUESTÃO 7:
Os termos acessórios da oração são termos que, embora chamados de acessórios, podem especificar um substantivo, um verbo, um adjetivo ou um advérbio. Há três categorias: i) adjunto adnominal, usado para delimitar ou especificar o significado de um substantivo; ii) adjunto adverbial, usado para transmitir uma relação de circunstância do fato expresso pelo verbo; iii) e aposto, expressão que pode explicar ou especificar o significado de uma palavra no texto.
Sobre o verso “A luz do céu é imensa...” (primeira estrofe), explique o termo acessório “do céu” e sua função na expressão.

ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL

QUESTÃO 8:
A paráfrase é um tipo de texto em que o autor reafirma, em palavras diferentes, o mesmo sentido de uma obra. Esse recurso textual pode ser construído a partir da afirmação geral da ideia de determinada obra ou como esclarecimento de uma passagem difícil. Geralmente, a paráfrase se aproxima do tamanho do texto original.

A partir do poema Cavador de infinito, de Cruz e Souza, produza uma paráfrase, lembrando que é necessário manter a ideia central do poema parafraseado.

Com a lâmpada do Sonho desce aflito
E sobe aos mundos mais imponderáveis,
Vai abafando as queixas implacáveis,
Da alma o profundo e soluçado grito.

Ânsias, Desejos, tudo a fogo, escrito
Sente, em redor, nos astros inefáveis.
Cava nas fundas eras insondáveis
O cavador do trágico Infinito.

E quanto mais pelo Infinito cava
mais o Infinito se transforma em lava
E o cavador se perde nas distâncias...

Alto levanta a lâmpada do Sonho.
E como seu vulto pálido e tristonho
Cava os abismos das eternas ânsias!

Para auxiliá-lo nessa tarefa, siga as seguintes dicas:
1º - Ao fazer a leitura do poema de Cruz e Souza, sublinhe as palavras com significado desconhecido por você;
2º - Consulte o dicionário ou pergunte ao professor os significados dos termos desconhecidos por você no poema. Então, tente substituí-los pelos seus sinônimos e leia novamente o poema;
3º - Após a leitura do poema, reflita por um instante sobre sua temática central e explore essa ideia na produção do seu texto;
4º - Observe as rimas, a quantidade de versos, as estrofes, o tamanho e a organização sintática das frases para tentar aproximar as formas do texto original e do texto parafraseado;
5º - Para que você tenha sucesso nessa atividade, saiba: é interessante que o leitor, ao ler a sua paráfrase, lembre-se do texto original, caso o conheça.


TEXTO GERADOR 5

O próximo Texto Gerador, “Sonho Colorido de um pintor”, é uma canção composta pelo músico Tom Zé, pertencente ao disco Tom Zé, lançado no ano de 1972 e relançado no ano de 1984 com o título Se o caso é chorar.

 

Sonho Colorido de Um Pintor (Tom Zé)


Sonhei que pintei minhas noites de amarelo
lindas estrelas no meu céu eu coloquei
o feio que era feio ficou belo
até o vento do meu mundo eu perfumei.
Numa apoteose de poesia
num conjunto de harmonia
uma lua roxa para iluminar
as águas cor-de-rosa do meu mar.
Meu sol eu pintei de verde
que serve pra enxugar lágrimas
se um dia precisar.
A dor e a tristeza
fiz virar felicidade
aproveitei a tinta
e pintei sinceridade.
Pintei de azul o presente
de branco pintei o futuro
o meu mundo só tem primavera
o amor eu pintei cinza escuro.
Pra lá eu levei a bondade
dourada é sua cor
aboli a falsidade
o meu povo é incolor.
Na entrada do meu mundo
tem um letreiro de luz
meu mundo não é uma esfera
tem o formato de cruz.

Apoteose: o momento culminante de algo.

 

 

ATIVIDADE DE LEITURA

QUESTÃO 9:

Paul Verlaine, poeta francês simbolista, pregava a aproximação da música com a poesia. Muitos poemas simbolistas alcançaram grande musicalidade, apresentando inovações métricas, rompendo com o rigor parnasiano. Muitos recursos presentes nesses poemas simbolistas podem ser também encontrados nas letras das canções. Observe, atentamente, a canção “Sonho Colorido de um pintor” e responda:

 

a)      Faça a escansão da segunda e da terceira estrofes da canção. Os versos são livres ou atendem a uma métrica específica?

 

b)      Monte o esquema de rimas da primeira estrofe da canção e diga se constituem rimas ricas ou pobres.



ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL

QUESTÃO 10:

A poesia do Simbolismo buscava uma linguagem capaz de sugerir o mundo interior, oculto sob as aparências. Para isso, os poetas simbolistas costumavam criar imagens sugestivas. De modo semelhante, as canções sempre exploraram a sugestão por meio de imagens criadas a partir de figuras de linguagem, como comparação e metáfora, ou pela combinação inusitada de elementos.

Considerando o efeito dessas imagens, elabore um texto comparando a canção “Sonho colorido de um pintor”, de Tom Zé, e os poemas “Cárcere das almas”, de Cruz e Souza, e “AEIOU”, de Alphonsus de Guimaraens.

 

Para ajudá-lo no desenvolvimento do texto, considere as seguintes dicas:

1)      Observe as imagens criadas pelo poeta/autor em cada texto;

2)      Pense que palavras ou combinações de palavras resumem a concepção de vida ou de humanidade em cada texto;

3)      Observe que termos, expressões ou ideias são comuns aos três textos e como esses elementos são abordados na poesia e na canção;

4)      Relacione, então, essas visões através de um texto comparativo;

5)      Não se esqueça de mencionar os principais traços, na poesia e no gênero “canção”, que concorrem para o efeito das imagens. Por exemplo: as rimas, as figuras de linguagem etc.