segunda-feira, 22 de julho de 2013

Atividades Comentadas/ Artigo de Opinião




Atividades 9º ano de Escolaridade 

Texto Gerador I

O estranho procedimento de dona Dolores
Começou na mesa do almoço. A família estava comendo — pai, mãe, filho e filha — e de repente
a mãe olhou para o lado, sorriu e disse:
— Para a minha família, só serve o melhor. Por isso eu sirvo arroz Rizobon. Rende mais e é mais gostoso.
O pai virou-se rapidamente na cadeira para ver com quem a mulher estava falando. Não havia ninguém.
— O que é isso, Dolores?
— Tá doida, mãe?
Mas dona Dolores parecia não ouvir. Continuava sorrindo. Dali a pouco se levantou da mesa e dirigiu-se para a cozinha. Pai e filhos se entreolharam.
— Acho que a mamãe pirou de vez.
— Brincadeira dela...
A mãe voltou da cozinha carregando uma bandeja com cinco taças de gelatina.
— Adivinhem o que tem de sobremesa?
Ninguém respondeu. Estava constrangida por aquele tom jovial de dona Dolores, que nunca fora
assim.
— Acertaram! — exclamou dona Dolores, colocando a bandeja sobre a mesa. — Gelatina Quero Mais, uma festa em sua boca. Agora com os novos sabores framboesa e manga.
O pai e os filhos começaram a comer a gelatina, um pouco assustados. Sentada à mesa, dona Dolores
olhou de novo para o lado e disse:
— Bote esta alegria na sua mesa todos os dias. Gelatina Quero Mais. Dá gosto comer!
Mais tarde o marido de dona Dolores entrou na cozinha e a encontrou segurando uma lata de óleo
à altura do rosto e falando para uma parede.
— A saúde da minha família em primeiro lugar. Por isto, aqui em casa só uso o puro óleo Paladar.
— Dolores...
Sem olhar para o marido, dona Dolores o indicou com a cabeça.
— Eles vão gostar.
O marido achou melhor não dizer nada. Talvez fosse caso de chamar
um médico. Abriu a geladeira, atrás de uma cerveja. Sentiu que
dona Dolores se colocava atrás dele. Ela continuava falando para
a parede.
— Todos encontram tudo o que querem na nossa
Gelatec Espacial, agora com prateleiras superdimensionadas,
gavetas em Vidro-Glass e muito, mas muito mais
espaço. Nova Gelatec Espacial, a cabe-tudo.
— Pare com isso, Dolores.
Mas dona Dolores não ouvia.
Pai e filhos fizeram uma reunião secreta, aproveitando
que dona Dolores estava na frente da casa,
mostrando para uma platéia invisível as vantagens
de uma nova tinta de paredes.
— Ela está nervosa, é isso.
— Claro. É uma fase. Passa logo.
— É melhor nem chamar a atenção dela.
— Isso. São nervos.
Mas dona Dolores não parecia nervosa. Ao contrário,
andava muito calma. Não parava de sorrir para o seu público imaginário. E não podia passar por
um membro da família sem virar-se para o lado e fazer um comentário afetuoso:
— Todos andam muito mais alegres desde que eu comecei a usar Limpol nos ralos.
Ou:
— Meu marido também passou a usar desodorante Silvester. E agora todos aqui em casa respiram
aliviados.
Apesar do seu ar ausente, dona Dolores não deixava de conversar com o marido e com os filhos.
— Vocês sabiam que o laxante Vida Mansa agora tem dois ingredientes recém-desenvolvidos pela
ciência que o tornam duas vezes mais eficiente?
— O quê?
— Sim, os fabricantes de Vida Mansa não descansam para que você possa descansar.
— Dolores...
Mas dona Dolores estava outra vez virada para o lado, e sorrindo:
— Como esposa e mãe, eu sei que minha obrigação é manter a regularidade da família. Vida Mansa,
uma mãozinha da ciência à Natureza. Experimente!
Naquela noite o filho levou um susto. Estava escovando os dentes quando a mãe entrou de surpresa
no banheiro, pegou a sua pasta de dentes e começou a falar para o espelho.
— Ele tinha horror de escovar os dentes até que eu segui o conselho do dentista, que disse a palavra
mágica: Zaz. Agora escovar os dentes é um prazer, não é, Jorginho?
— Mãe, eu...
— Diga você também a palavra mágica. Zaz! O único com HXO.
O marido de dona Dolores acompanhava, apreensivo, da cama, o comportamento da mulher. Ela
estava sentada na frente do toucador e falando para uma câmara que só ela via, enquanto passava
creme no rosto.
— Marcel de Paris não é apenas um creme hidratante. Ele devolve à sua pele o frescor que o tempo
levou, e que parecia perdido para sempre. Recupere o tempo perdido com Marcel de Paris.
Dona Dolores caminhou, languidamente, para a câmara, deixando cair seu robe de chambre no
caminho. Enfiou-se entre os lençóis e beijou o marido na boca. Depois, apoiando-se num cotovelo,
dirigiu-se outra vez para a câmara.
— Ele não sabe, mas estes lençóis são da nova linha Passional da Santex. Bons lençóis para maus pensamentos. Passional da Santex. Agora, tudo pode acontecer...

VERÍSSIMO, Luís Fernando. O nariz e outras crônicas. São Paulo: Ática,1984. P.48-50

Vocabulário
Jovial: alegre
Languidamente: de forma sensual, lânguida
Robe de chambre: roupão que as pessoas vestem quando estão para dormir.


Texto Gerador II
Poderosa: diário de uma garota que tinha o mundo na mão
Joana Dalva, aos 13 anos, é uma adolescente como outra qualquer; do alto de suas espinhas da adolescência, dos sonhos juvenis e do desejo de se tornar uma escritora, ela enfrenta as turbulências familiares. Seus pais brigam sem cessar e a separação é iminente; o irmão mais novo é um chato com quem ela não consegue se comunicar; a avó passa os dias alienada na cama, indiferente ao que se passa a sua volta.

Complexo de noiva abandonada no altar/ pag.60-71

Mesmo sem ter estudado para prova, achei que não valia a pena me estressar; se não soubesse alguma pergunta, era só inventar uma resposta e a minha história viraria História. Mas não foi preciso apelar para a imaginação, porque a prova estava uma moleza e a memória deu conta do recado. Quer dizer, moleza para mim, a única garota da sala que conhecia a fundo a nova biografia de Joana D’Arc. Quase todos os colegas pareciam confusos e indecisos, sem saber se falavam da santa oficial da igreja ou da pop star que não saía da mídia.
Foi para acabar com essa dúvida que Marcelo perguntou, na qualidade de representante da turma, sobre qual dessas duas heroínas a gente deveria escrever. Apolo afirmou que só existia uma Joana D’Arc. – e sorriu pra mim- a classe entendeu a mensagem e espichou os olhos para minha prova. O problema é que eu não tinha cabeça para escrever sobre a Idade Média: só pensava nos heróis e guerreiros do futuro, como Androide Exterminador que iria ver no cinema, com a cabeça pousada no ombro do Guto.
Depois de uma noite de pesadelos, eu estava finalmente sonhando... e sem o risco de cair da cama! Meu ego tinha razão para estar inchado; afinal, não é qualquer garota que tem o privilégio de acordar com uma espinha no meio da testa e mesmo assim ser convidada para ir ao cinema com o gato mais gato da escola.
Guto assistia às aulas no fundo da sala, mas naquele dia sentou ao meu lado. Eu queria saber (na verdade, se confirmar) se a letra dele era a mesma do bilhete anônimo deixado na minha carteira. Só que não deu para ler nada: a prova dele estava em branco. E ele também! Cheguei a pensar que aquela palidez rimava com timidez, mas logo caí na real e vi que o garoto sofria porque não sabia nada vezes nadica de nada sobra à vida de Joana D’Arc e iria ganhar um zero maciço!
O pior é que ele não era o único. Olhando ao redor, percebi que as provas estavam intactas. A maioria da turma tinha empacado na primeira questão, e cada um inventou uma ocupação (morder a tampa da caneta, apontar o lápis, lixar as unhas com a régua) pra fingir que raciocinava. Não me custava nada ajudar o Guto e, de carona todos os meus colegas. Bastava fazer uma mesa redonda.
Guto ficou tão agradecido que me pagou um lanche no intervalo. Mas a maior surpresa do dia aconteceu no meio da tarde, quando abri a mochila pra conferir as tarefas do dia seguinte e um novo bilhete apareceu dentro do estojo:
Você é dez, Joana: bonita, inteligente, simpática e ainda por cima generosa com os colegas. Valeu por ter tentado me dar uma força, mas a verdade é que eu não prestei atenção na sua prova. Passei o tempo todo olhando a pintinha na sua testa, bem no meio das sobrancelhas, como é que eu não tinha reparado nisso antes? Um charme!
Os elogios me deixaram tonta, será que eu merecia tanto? Li e reli o bilhete até decorar palavra por palavra, beijei o papel com os olhos fechados e recitando em voz alta o poema. Tudo bem, o bilhete foi escrito em prosa, não rimava com nada, mas para mimas frases soavam como versos, e eu me sentia a musa inspiradora de um soneto alexandrino com rimas raras. Olhei de lado para o espelho e contei à minha imagem que o Guto, esse mesmo, o gato de quem eu vivia falando, pois é, então, ele estava apaixonado por mim. Como é que eu sabia? Ora essa! Só mesmo um ara babando de paixão poderia confundir o meu chifre de rinoceronte com uma pintinha charmosa.

KLEIN, Sérgio. Poderosa _ diário de uma menina que tinha o mundo na mão. São Paulo: Fundamento Educacional, 2010. P. 69-71

Vocabulário:
Soneto alexandrino: poema constituído de catorze versos, divididos em quatro estrofes. Os versos são de doze sílabas.

Sérgio Klein nasceu no dia 7 de julho de 1963 e morreu no dia 03 de julho de 2010, após passar alguns dias no CTI, em Belo Horizonte, acometido de por uma bactéria de difícil tratamento (Staphylococcus aureus), cuja toxina destroi as células humanas. Premiado no Brasil e no exterior, ele acreditou no poder transformador das palavras e cativou muitos adolescentes no mundo. Sérgio deixa três filhos, Pedro, Letícia e Gabriel.
Quando trabalhamos o Texto “O estranho procedimento de dona Dolores”, discutimos a influência que a propaganda pode ter em nossa vida e em nosso comportamento. É muito provável que os alunos tenham formulado opiniões e apreciações pessoais a respeito do fato discutido.
Quando discutimos um assunto ou um fato e emitimos nossa opinião sobre ele, expressando nossas apreciações pessoais, estamos produzindo um texto opinativo oral, enquanto um diário é um texto opinativo escrito, o que nos leva a concluir que a expressão da opinião pode ocorrer em textos de caráter variado.
Atividade de Leitura:

Questão 1:

·         No diário de Joana Dalva (texto gerador II), há uma série de opiniões da menina a respeito dos fatos que ela observa e das situações que vivem. Localize no texto formas que expressam a opinião.

Resposta comentada:
Por ser um texto de natureza testemunhal, o diário está repleto de formas opinativas. Elas podem ser observadas em expressões como: “eu acho que...”, no uso de verbos modais como dever e poder, entre outros. Professor não espere que os alunos sejam plenamente capazes de identificar no texto todas as ocorrências de subjetividade linguageira, pois se trata de uma noção linguística que está em construção. Permita que seus alunos elaborem hipóteses e, ao discutir essa questão apenas problematize as respostas que lhe parecerem muito divergentes do que se pede na atividade.

Questão II:

Produção Textual
Com base na discussão realizada, escreva um texto opinativo sobre o excesso de propaganda em todos os veículos de comunicação nos dias de hoje. Lembre-se que dar opinião sobre um assunto não é simplesmente dizer: “eu acho que...” é necessário justificar as opiniões com exemplos e explicações.

Resposta Comentada:

É necessário que  você professor dê subsídios para que o aluno possa produzir um texto opinativo. Peça aos alunos para que observem alguns anúncios veiculados na tevê e no rádio e que anotem os produtos anunciados, a que se destina cada um deles, como são esses anúncios etc.
Dessa forma a classe pode conversar sobre os anúncios veiculados no rádio e na teve. A partir desse trabalho em que as opiniões foram expostas sobre diversas propagandas e fatos cotidianos podem partir para o individual. O essencial é incentivar o debate que o tema provoca levando-os a refletir sobre a questão proposta.

 Professora Elane

sábado, 20 de julho de 2013

Seminário de Conscientização ao Enfrentamento às Drogas


Curriculo MínimoProdução Textual (sexto ano)

Foco do 3º Bimestre: Contos de fadas e Contos maravilhosos

Habilidades e             competências 

  •  Definir os elementos básicos da narrativa de encantamento: tempo, espaço, personagens, enredo, narrador. 
  • Explorar o valor expressivo do adjetivo em descrições de cenários e caracterizações de personagens.
  • Empregar corretamente sinais gráficos para diálogos.
  • Elaborar resumos ou novas versões de narrativas dos gêneros estudados no bimestre.

Linguagem Formal e Informal / Gênero Carta



Exercícios com Gabarito

Leia o texto abaixo:

Eu tento te esquecer
Mas tudo que eu escrevo
É sobre você

Eu não posso me enganar

Fingir que estou bem
Porque não estou

Preciso de você

Essa noite

E hoje estou aqui

Só pra te cobrar
O que você disse



Que iria ser pra sempre
Mas não foi assim
Agora o que me resta
Escrever nessa carta
Pra lembrar

Eu passo tanto tempo

Só te procurando
Em um outro alguém
Mas não posso me enganar
Sinto sua falta
E ninguém pode ver

Exercícios:
1. Quais os dois gêneros textuais que se misturam nesse texto do NX Zero?
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2. A que tipo de carta esse texto melhor se encaixa? Carta pessoal, carta oficial, carta ao leitor, carta ou carta comercial? Explique.
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3. Pela estrutura, linguagem e temática desse texto, podemos classificá-lo como formal ou informal?
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4. O texto apresenta um eu - lírico (uma voz interior) que expressa suas emoções. Como podemos descrever a personalidade dessa pessoa?
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5. Qual o objetivo do eu - lírico ao escrever esse texto?
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6. Você concorda com a postura do eu - lírico do texto? Explique.
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Em 1831, ao deixar definitivamente o Brasil para assumir o trono de Portugal, D. Pedro I escreveu a seu filho D. Pedro II a seguinte carta:

Carta a D. Pedro II

D. Pedro I

Meu querido filho, e meu imperador:
Muito lhe agradeço a carta que me escreveu, eu mal a pude ler, pois que as lágrimas eram tantas que me impediam a ver; agora que me acho, apesar de tudo, um pouco mais descansado, faço esta para lhe agradecer a sua, e para certificar-lhe que enquanto vida tiver as saudades jamais se extinguirão em meu dilacerado coração.
Deixar filhos, pátria e amigos, não pode haver maior sacrifício; mas levar a honra ilibada, não pode haver maior glória. Lembre-se sempre de seu pai, ame a sua mãe, e a minha pátria, siga os conselhos que lhe derem aqueles que cuidarem na sua educação, e conte que o mundo o há de admirar, e que me hei de encher de ufania por ter um filho digno da pátria.
Eu me retiro para a Europa: assim é necessário para que o Brasil sossegue, e que Deus permita, e possa para o futuro chegar àquele grau de prosperidade de que é capaz.
Adeus, meu amado filho, receba a bênção de seu pai que se retira saudoso e sem mais esperança de o ver.

Ass. D. Pedro de Alcântara
Bordo da Nau Warspite
12 de abril de 1831


In: JOÃO ARMITAGE. História do Brasil. Rio de Janeiro: Zélio Valverde, 1943. P. 313

Exercícios:
1) Quem é o remetente e o destinatário dessa carta?
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2) Essa é a primeira carta trocada entre eles?
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3) Onde estava D. Pedro I ao escrever essa carta?
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4) Além de na introdução, existe outro vocativo nessa carta? Onde?
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5) Procure no dicionário o que significam a palavra “ilibada” e “ufania”? Há mais alguma palavra que você não conheça nessa carta?
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6) Qual o propósito da carta?
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7) Segundo a carta, quando pai e filho pretendem se reencontrar?
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Gabarito
1) O remetente é D. Pedro de Alcântara (D. Pedro I). O destinatário é seu filho (D. Pedro II).
2) Não. Esta é uma carta-resposta.
3) A bordo de um navio, a Nau Warspite.
4) Sim. Na despedida: “Meu amado filho”.
5) Ilibada: pura; ufania: honra, orgulho, dignidade.
6) Responder a carta do filho e aconselhá-lo.
7) Nunca. D. Pedro I não tem mais esperanças de ver o filho.

Leitura e Prudução Textual



Leitura e Produção Textual


ATIVIDADE
Organize uma antologia da poesia de Gregório de Matos, composta de quatro poemas: de amor, eróticos, satíricos e religiosos. Justifique a seleção.

I. Poesia sacra



Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa piedade me despido,
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vós tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto um pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido,
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, e já cobrada
Gloria tal, e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada
Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória




II- Lírica
amorosa
O soneto a seguir é o sétimo poema do ciclo "Ângela":



Anjo no nome, Angélica na cara.
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
em quem, senão em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.


III- Poesia satírica:


Contudo, o melhor de sua sátira não é esse tipo de zombaria, engraçada e maldosa, mas a crítica de cunho geral aos vícios da sociedade. Sua vasta galeria de tipos humanos contribui para construir sua maior e principal personagem - a cidade da Bahia:

Senhora Dona Bahia,
nobre e opulenta cidade,
madrasta dos naturais,
e dos estrangeiros madre
.

IV: Poesia burlesca
Soneto bem conhecido



A cada canto um grande conselheiro
Que nos quer governar cabana e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um frequentado olheiro,
Que a vida do vizinho, e da vizinha,
Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha
Para a levar à Praça, e ao Terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,
e eis aqui a cidade da Bahia



A)     Poesia sacra: faz uma reflexão moral sobre o pecado.

B)     Lírica amorosa: Segundo historiadores, o poeta teve uma paixão não correspondida pela filha de um senhor engenhoso, D. Ângela de Sousa Paredes Rabelo organizou um ciclo dos poemas que seriam expressão desse caso amoroso.

C)      Poesia satírica: reflexão feita a Gregório de Matos; O "Boca do Inferno" não perdoava ninguém: ricos e pobres, negros, brancos e mulatos, padres, freiras, autoridades civis e religiosas, amigos e inimigos, todos, enfim, eram objeto de sua "lira maldizente".

D)    Poesia burlesca: galhofeiro, o poeta registra em versos sempre pequenos acontecimentos da vida cotidiana da cidade e dos engenhos