TEXTO GERADOR I: CAÇADA
O tigre desta vez não se
demorou; apenas se achou a quinze passos do inimigo, retraiu-se com uma força
de elasticidade extraordinária e atirou-se como um estilhaço de rocha, cortado
pelo raio.
Foi cair sobre o índio, apoiado nas largas patas de trás, com o corpo direito, as garras estendidas para degolar a sua vítima, e os dentes prontos para cortar-lhe a jugular.
A velocidade deste salto monstruoso foi tal que, no mesmo instante em que vira brilhar entre as folhas os reflexos negros de sua pele azevichada, já a fera tocava o chão com as patas.
Mas tinha em frente um inimigo digno dela, pela força e agilidade.
Como a princípio, o índio tinha dobrado um pouco os joelhos, e segurava na esquerda a longa forquilha, sua única defesa; os olhos sempre fixos magnetizavam o animal. No momento em que o tigre se lançara, curvou-se ainda mais, e fugindo com o corpo apresentou o gancho. A fera, caindo com a força do peso e a ligeireza do pulo, sentiu o forcado cerrar-lhe o colo, e vacilou.
Então o selvagem distendeu-se com a flexibilidade da cascavel ao lançar o bote: fincando os pés e as costas no tronco, arremessou-se e foi cair sobre o ventre da onça, que, subjugada, prostrada de costas, com a cabeça presa no chão pelo gancho, debatia-se contra o seu vencedor, procurando debalde alcançá-lo com as garras.
Esta luta durou minutos; o índio, com os pés apoiados fortemente nas pernas da onça, e o corpo inclinado sobre a forquilha, mantinha assim imóvel a fera, que há pouco corria a mata não encontrando obstáculos à sua passagem.
Quando o animal, quase asfixiado pela estrangulação, já não fazia senão uma fraca resistência, o selvagem, segurando sempre a forquilha, meteu a mão debaixo da túnica e tirou uma corda de "ticum" que tinha enrolada à cintura em muitas voltas.
Nas pontas desta corda havia dois laços que ele abriu com os dentes e passou nas patas dianteiras ligando-as fortemente uma à outra; depois fez o mesmo às pernas, e acabou por amarrar as duas mandíbulas, de modo que a onça não pudesse abrir a boca.
Foi cair sobre o índio, apoiado nas largas patas de trás, com o corpo direito, as garras estendidas para degolar a sua vítima, e os dentes prontos para cortar-lhe a jugular.
A velocidade deste salto monstruoso foi tal que, no mesmo instante em que vira brilhar entre as folhas os reflexos negros de sua pele azevichada, já a fera tocava o chão com as patas.
Mas tinha em frente um inimigo digno dela, pela força e agilidade.
Como a princípio, o índio tinha dobrado um pouco os joelhos, e segurava na esquerda a longa forquilha, sua única defesa; os olhos sempre fixos magnetizavam o animal. No momento em que o tigre se lançara, curvou-se ainda mais, e fugindo com o corpo apresentou o gancho. A fera, caindo com a força do peso e a ligeireza do pulo, sentiu o forcado cerrar-lhe o colo, e vacilou.
Então o selvagem distendeu-se com a flexibilidade da cascavel ao lançar o bote: fincando os pés e as costas no tronco, arremessou-se e foi cair sobre o ventre da onça, que, subjugada, prostrada de costas, com a cabeça presa no chão pelo gancho, debatia-se contra o seu vencedor, procurando debalde alcançá-lo com as garras.
Esta luta durou minutos; o índio, com os pés apoiados fortemente nas pernas da onça, e o corpo inclinado sobre a forquilha, mantinha assim imóvel a fera, que há pouco corria a mata não encontrando obstáculos à sua passagem.
Quando o animal, quase asfixiado pela estrangulação, já não fazia senão uma fraca resistência, o selvagem, segurando sempre a forquilha, meteu a mão debaixo da túnica e tirou uma corda de "ticum" que tinha enrolada à cintura em muitas voltas.
Nas pontas desta corda havia dois laços que ele abriu com os dentes e passou nas patas dianteiras ligando-as fortemente uma à outra; depois fez o mesmo às pernas, e acabou por amarrar as duas mandíbulas, de modo que a onça não pudesse abrir a boca.
Atividade
de Leitura
Habilidade
Trabalhada:
Relacionar
os modos de organização da linguagem na literatura às escolhas do autor, à
tradição literária e ao contexto social da época.
Questão 1:
·
Releia o terceiro parágrafo do texto. A
partir dele e do desfecho da luta travada entre Peri e a onça, explique a
idealização do índio realizada por Alencar e pelos indianistas românticos.
Resposta comentada:
Faz-se
necessário que o professor leia oralmente junto com os alunos chamando a
atenção para o que se pretende desenvolver. Ele deve direcionar o aluno a
questão através de questionamentos e inferências.
No
terceiro parágrafo o índio e a onça são igualados como manifestações da
natureza selvagem. Mas ele não age apenas por instinto; a força, à coragem e à
agilidade, soma-se nele a inteligência humana. Por isso ele sobrepuja a
natureza e se torna uma espécie de invencível super-homem.
Atividade
de Uso da Língua
Habilidade
trabalhada:
Identificar as figuras
de linguagem presentes na estética romântica.
Questão
2:
·
Transcreva do primeiro parágrafo a
figura de linguagem empregada pelo narrador.
Resposta
comentada:
O professor
deverá revisar o conceito de figura de linguagem com a turma:
Exemplos
de figuras de linguagem na prosa romântica
|
|
HIPÉRBOLE
“(...) não me resta daquela noite
mais do que uma longa sensação de imenso deleite, na qual me sentia afogar
num mar de volúpia.”
“(...) alheava um homem de si e o
fazia viver mais anos em uma hora do que em toda a sua vida”.
|
SÃO EXPRESSÕES EXAGERADAS,
QUE EMBORA NÃO CONSTITUAM A
REALIDADE REVELAM A
DIMENSÃO DO QUE DISSEMOS.
Ex: Bebi um rio de água. (revela o
quanto de água eu bebi, mais do que de costume, muito para os padrões
normais)
|
METÁFORA
“Era serpente que enlaçava
a presa nas suas mil voltas, triturando-lhe o corpo; era vertigem que
nos arrebatava a consciência da própria existência, (...)”
|
COMPARAÇÃO IMPLÍCITA NA QUAL SE RELACIONAM DUAS IDEIAS
DIFERENTES EM ÂMBITO CONOTATIVO.
Ex: Você é uma rosa. (estou relacionando a pessoa a rosa
sem explicitar o motivo, que poder o odor, a beleza, a delicadeza, os
espinhos etc)
|
COMPARAÇÃO
“Havia na
fúria amorosa dessa mulher um quer que seja da rapacidade da fera.”
|
COMPARAÇÃO EXPLÍCITA NA QUAL SE RELACIONAM DUAS IDEIAS
DIFERENTES A RELAÇÃO ENTRE ELES E UTILIZANDO ALGUM TERMO QUE EXPLICITE ESSA
COMPARAÇÃO.
Ex: Você é cheirosa como uma rosa.
|
É
importante ressaltar para os alunos que, independente do estilo literário,
qualquer figura de linguagem pode ser utilizada para se obter recursos
expressivos. No entanto, em função das características intrínsecas de cada
estética, algumas figuras lhes são mais caras do que outras. No caso do
Romantismo, por ser um estilo marcado pela expressão sentimental, é bastante
comum que o narrador exagere na manifestação dos sentimentos, utilizando, para
isso as hipérboles.
Por
outro lado, determinados que estão a idealizar a realidade, é comum
caracterizar pessoas e espaços segundo suas próprias concepções, utilizando as
palavras em sentido conotativo. Para isso, costumam utilizar metáforas e
comparações.
Dessa
forma o aluno poderá perceber que a figura de linguagem utilizada no primeiro
parágrafo foi uma comparação:
”
...
atirou-se como um estilhaço de rocha, cortado pelo raio”
Texto Gerador II:
Fragmento
de O guarani; trata-se do episódio em que toda família de D. Antonio de Mariz
está aprisionado pelos aimorés, e Peri, a fim de salvar Ceci, enfrenta sozinho,
um exército de duzentos inimigos.
...Mas
o inimigo caiu no meio deles, subitamente, sem que pudessem saber se tinha
surgido no seio da terra, ou se tinha descido das nuvens.
Era
Peri.
Altivo,
nobre, radiante da coragem invencível e do sublime heroísmo de que já dera
tantos exemplos, o índio se apresentava só em face de duzentos inimigos fortes
e sequiosos de vingança.
[...]
Passado
o primeiro espanto, os selvagens bramindo atiraram-se todos como uma só mole,
como uma tromba do oceano, contra o índio que ousava atacá-los a peito
descoberto.
Houve
uma confusão, um turbilhão horrível de homens que se repeliam, tombavam e se
estorciam; de cabeças que se levantavam e outras que desapareciam; de braços e
dorsos que se agitavam e se contraíam, como se tudo isto fosse partes de um só
corpo, membros de algum monstro desconhecido debatendo-se em convulsões.
[...]
O
velho cacique dos Aimorés se avançava para ele sopesando a sua imensa clava
crivada de escamas de peixe e dentes de fera; alavanca terrível que o seu braço
possante fazia jogar com a ligeireza da flecha.
Os
olhos de Peri brilharam; endireitando o seu talhe, fitou no selvagem esse olhar
seguro e certeiro, que não o enganava nunca.
O
velho aproximando-se levantou a sua clava e imprimindo-lhe o movimento de
rotação, ia descarregá-la sobre Peri e abatê-lo; não havia espada nem montante
que pudesse resistir àquele choque.
O
que se passou então foi tão rápido, que não é possível descrevê-lo; quando o
braço do velho volvendo a clava ia atirá-la, o montante de Peri lampejou no ar
e decepou o punho do selvagem; mão e clava foram rojar pelo chão.
[...]
Peri,
vencedor do cacique, volveu um olhar em torno dele, e vendo o estrago que tinha
feito os cadáveres dos Aimorés amontoados uns sobre os outros, fincou a ponta
do montante no chão e quebrou a lâmina. Tomou depois os fragmentos e atirou-os
ao rio.
Então
se passou nele uma luta silenciosa, mas terrível para que pudesse
compreendê-la. Tinha quebrado a sua espada, porque não queria mais combater; e
decidira que era tempo de suplicar a vida ao inimigo..
Mas
quando chegou o momento de realizar essa súplica, conheceu que exigia de si
mesmo uma coisa sobre-humana, uma coisa superior às suas forças.
Ele,
Peri, o guerreiro invencível, ele, o selvagem livre, o senhor das florestas, o
rei dessa terra virgem, o chefe da mais valente nação dos Guaranis, suplicar a
vida ao inimigo! Era impossível.
Três
vezes quis ajoelhar, e três vezes as curvas de suas pernas distendendo-se como
duas molas de aço o obrigaram a erguer-se.
Finalmente
a lembrança de Cecília foi mais forte do que a sua vontade.
Ajoelhou.
(José de
Alencar. O Guarani. São Paulo: Ática, 1992. p. 220-222.)
Atividade de Uso da Língua
Questão 1:
- Observe a descrição de Peri no 3º parágrafo do texto.
(A) Identifique os adjetivos que caracterizam a figura
do índio.
(B) Explique o papel desses adjetivos na construção do
herói romântico.
Habilidade Trabalhada:
-
Empregar adjetivos valorativos e advérbios como mecanismo de introdução do
juízo de valor e recurso modalizador.
Resposta
comentada letra A:
O professor já deverá ter trabalhado as
classes de palavras para que o aluno possa saber identificar adjetivo do parágrafo: altivo,
nobre, radiante. Além dessa explicação, faz-se necessário que o professor
explique que o adjetivo invencível refere-se ao substantivo coragem, e o
adjetivo sublime refere-se ao substantivo heroísmo, mas as expressões coragem
invencível e sublime heroísmo acabam contribuindo para caracterizar o herói.
Resposta
comentada letra B:
O professor deverá explicar aos alunos
que todo herói romântico normalmente é dotado de idealismo, honra, força e
coragem. E, que os adjetivos empregados no parágrafo ajudam a compor Peri com
esse tipo de figura.
Texto Gerador
III:
Senhora
- José
de Alencar
PRIMEIRA
PARTE
O Preço
Há anos raiou no céu fluminense uma
nova estrela.
Desde o momento de sua ascensão
ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões.
Tornou-se a deusa dos bailes; a musa
dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.
Era rica e formosa.
Duas opulências, que se realçam como
a flor em vaso de alabastro; dois esplendores que se refletem, como o raio de
sol no prisma do diamante.
Quem não se recorda da Aurélia
Camargo, que atravessou o firmamento da Corte como brilhante meteoro, e
apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor?
Atividade de Leitura:
Questão I:
·
A literatura romântica geralmente idealiza o amor
como um sentimento puro e desinteressado. O narrador de Senhora vê alguma
contradição na valorização das duas grandes qualidades de Aurélia pelos seus
pretendentes? Explique sua resposta usando as comparações feitas pelo autor.
Habilidade Trabalhada:
Relacionar
os modos de organização da linguagem na literatura às escolhas do autor, à
tradição literária e ao contexto social da época.
Resposta Comentada:
Faz-se
necessário que o professor leia oralmente junto com os alunos chamando a
atenção para o que se pretende desenvolver. Ele deve direcionar o aluno a questão
através de questionamentos e inferências. Dessa forma ele perceberá que a
resposta correta é: Não. Pois, ele considera essas qualidades compatíveis entre
si. Considera mesmo que a formosura realça-se e reflete-se na riqueza do mesmo
modo que a flor realça-se no vaso de alabastro ou como raios de sol refletem-se
no prisma do diamante.
Atividade
de Uso da Língua
Questão 2:
·
Transcreva a
primeira metáfora utilizada pelo narrador na apresentação de Aurélia Camargo.
Habilidade Trabalhada:Identificar as figuras de linguagem presentes na estética romântica.
Resposta Comentada:
É
importante o professor ressaltar para os alunos que, independente do estilo
literário, qualquer figura de linguagem pode ser utilizada para se obter
recursos expressivos. No entanto, em função das características intrínsecas de
cada estética, algumas figuras lhes são mais caras do que outras. No caso do
Romantismo, por ser um estilo marcado pela expressão sentimental, é bastante
comum que o narrador exagere na manifestação dos sentimentos, utilizando, para
isso as hipérboles.
Por
outro lado, determinados que estão a idealizar a realidade, é comum
caracterizar pessoas e espaços segundo suas próprias concepções, utilizando as
palavras em sentido conotativo. Para isso, costumam utilizar metáforas e
comparações. Dessa forma eles irão perceber que a resposta correta é: Há anos
raiou uma nova estrela no céu fluminense.
Céu
fluminense desdobra-se em salões, bailes, poetas, noivos em disponibilidade.
Portanto a metáfora da alta sociedade (céu) do Rio de Janeiro (fluminense).
Poderíamos traduzir a frase do seguinte modo: Há anos uma nova personalidade
surgiu na alta sociedade fluminense.
Texto Gerador IV
Resenha
do livro Senhora de José de Alencar
Aurélia, uma feminista ao estilo José
de Alencar
Senhora, em minha opinião, é uma das obras mais audaciosas de José de Alencar e talvez uma das pioneiras da literatura brasileira nos idos de 1800. Para os padrões da época, Aurélia, a protagonista, era um escândalo. Acho-a genial! Embora discorde da vingança como método para curar feridas, não dá para fingir que fico indiferente ao fato de uma mulher, em pleno século XIX, tomar as rédeas da própria vida. Ainda mais numa sociedade onde as mulheres mal existiam como indivíduos e mal eram consideradas cidadãs.
Aurélia encara as adversidades do destino e muda o mundo ao seu redor, ao seu bel prazer. Ela não se rende, faz com que se rendam a ela. É uma das protagonistas mais bem resolvidas da nossa literatura. Ficar chorando pelos cantos? Que nada, ela vai à luta. Duvidam? Pois Aurélia, assim como a Capitu, de Machado de Assis, já originou tese de doutorado só pelo seu comportamento libertário. E como não!?
O romance de Alencar começa mostrando a vida simples de uma moça que é órfã de pai e cuja mãe costura para fora para garantir-lhes o sustento. Essa moça, Aurélia, é apaixonada por Fernando, um bon vivant que a namora e depois a abandona, porque está a cata de uma noiva rica em quem possa dar o golpe do baú. A mãe de Aurélia morre e ela se vê sozinha no mundo e com o coração aos pedaços por uma desilusão amorosa. Só que, o destino sorri e, algum tempo depois, ela descobre que seu avô era milionário e lhe deixou uma grande fortuna. É aí que Aurélia mostra que tem sangue nas veias.
A ex costureirinha pobre toma posse da fortuna, aprende etiqueta, piano e tudo mais que uma dama precisava saber naqueles tempos aristocráticos e, alguns anos depois, quando Fernando está sem eira nem beira, dá o golpe fatal. Manda o tutor acertar seu casamento com o ex-desafeto por cem contos de réis. Ele se casa sem saber quem é a sua “senhora”, ou seja, a mulher que o comprou. Só depois, descobre que é Aurélia, a pobre moça que ele abandonara.
A partir daí, José de Alencar se supera descrevendo cada uma das humilhações que Aurélia faz Fernando passar. Sempre jogando na cara dele que o comprou e que ele, portanto, não tem dignidade. Apesar de ainda amar o rapaz, ela toma para si a missão de dar-lhe uma lição, de fazer-lhe provar do próprio veneno.
Ao mesmo tempo, Aurélia ensina Fernando a ser homem. Apesar de considerá-lo indigno por ter se vendido, ela o ensina o caminho para reconquistar a honra perdida, e claro, para que descubra o que é o amor de verdade. Fernando, graças à força de caráter de Aurélia, revê os próprios atos e pouco a pouco, tenta reescrever sua trajetória.
Senhora, em minha opinião, é uma das obras mais audaciosas de José de Alencar e talvez uma das pioneiras da literatura brasileira nos idos de 1800. Para os padrões da época, Aurélia, a protagonista, era um escândalo. Acho-a genial! Embora discorde da vingança como método para curar feridas, não dá para fingir que fico indiferente ao fato de uma mulher, em pleno século XIX, tomar as rédeas da própria vida. Ainda mais numa sociedade onde as mulheres mal existiam como indivíduos e mal eram consideradas cidadãs.
Aurélia encara as adversidades do destino e muda o mundo ao seu redor, ao seu bel prazer. Ela não se rende, faz com que se rendam a ela. É uma das protagonistas mais bem resolvidas da nossa literatura. Ficar chorando pelos cantos? Que nada, ela vai à luta. Duvidam? Pois Aurélia, assim como a Capitu, de Machado de Assis, já originou tese de doutorado só pelo seu comportamento libertário. E como não!?
O romance de Alencar começa mostrando a vida simples de uma moça que é órfã de pai e cuja mãe costura para fora para garantir-lhes o sustento. Essa moça, Aurélia, é apaixonada por Fernando, um bon vivant que a namora e depois a abandona, porque está a cata de uma noiva rica em quem possa dar o golpe do baú. A mãe de Aurélia morre e ela se vê sozinha no mundo e com o coração aos pedaços por uma desilusão amorosa. Só que, o destino sorri e, algum tempo depois, ela descobre que seu avô era milionário e lhe deixou uma grande fortuna. É aí que Aurélia mostra que tem sangue nas veias.
A ex costureirinha pobre toma posse da fortuna, aprende etiqueta, piano e tudo mais que uma dama precisava saber naqueles tempos aristocráticos e, alguns anos depois, quando Fernando está sem eira nem beira, dá o golpe fatal. Manda o tutor acertar seu casamento com o ex-desafeto por cem contos de réis. Ele se casa sem saber quem é a sua “senhora”, ou seja, a mulher que o comprou. Só depois, descobre que é Aurélia, a pobre moça que ele abandonara.
A partir daí, José de Alencar se supera descrevendo cada uma das humilhações que Aurélia faz Fernando passar. Sempre jogando na cara dele que o comprou e que ele, portanto, não tem dignidade. Apesar de ainda amar o rapaz, ela toma para si a missão de dar-lhe uma lição, de fazer-lhe provar do próprio veneno.
Ao mesmo tempo, Aurélia ensina Fernando a ser homem. Apesar de considerá-lo indigno por ter se vendido, ela o ensina o caminho para reconquistar a honra perdida, e claro, para que descubra o que é o amor de verdade. Fernando, graças à força de caráter de Aurélia, revê os próprios atos e pouco a pouco, tenta reescrever sua trajetória.
Questão 1:
·
A resenha acima, de
autoria de Violet B. 15/10/2011, apresenta o romance “Senhora” de José de Alencar. Nela, a
autora, além de resumir brevemente a obra, expõe criticamente seu ponto de vista
em relação ao romance, chamando a atenção para sua importância e para
algumas de suas características.
A
partir dessas observações, responda:
Com
base na leitura atenta dos dois últimos parágrafos, identifique um trecho em
que a autora comenta criticamente a abordagem da natureza na obra “Senhora”,
evidenciando um juízo de valor.
Habilidade Trabalhada:
Reconhecer na
resenha a finalidade de expor criticamente um ponto de vista sobre
manifestações artísticas.
Resposta Comentada:
É
importante destacar aos alunos que um texto como a resenha, diferente do resumo
visto no ciclo passado, não apenas apresenta as ideias principais de uma obra,
mas, além disso, faz uma avaliação crítica sobre ela. Para isso, o autor da
resenha busca desenvolver um texto claro, objetivo e bem fundamentado.
Produção Textual
Habilidade Trabalhada:
Produzir resenhas dos romances
estudados, relacionando-os à discussão de paradigmas e temas da atualidade.
O
escritor José de Alencar foi um dos primeiros escritores românticos do Brasil.
Autor de grandes obras como O Guarani, Diva, Iracema, entre outros, marca o
romantismo brasileiro com a personagem de Aurélia Camargo, em Senhora.
Esta obra retrata o amor acima das dificuldades, pois Aurélia é uma jovem bela
que luta por seus sonhos e ideal, mesmo após ser traída.
·
Faça uma resenha do romance levando em
consideração os seguintes passos:
- Leitura e reflexão sobre o texto do qual será
feito a resenha, sendo que muitas vezes são necessárias leituras complementares
para um melhor entendimento do tema.
- Resumo da obra, no qual deverão ficar clara as
ideias principais do autor. Este resumo será a base para a resenha, mas não
ela.
- Selecionar dentre as ideias principais, uma que
será destacada, e até aprofundada (no caso das resenhas críticas).
- Emitir um julgamento de verdade (resenha
descritiva) ou de valor (resenha crítica), sendo necessária a fundamentação no
caso da resenha crítica.
- Elaborar a resenha a partir dos passos
anteriores, sendo que a organização do texto fica a critério do autor. A
resenha deve conter, ainda, uma brevíssima identificação do autor da obra (vida
e outras obras). Ao fim da resenha, o autor da mesma deve se identificar.
Resposta
comentada:
O professor deverá
explicar aos alunos que resenha é uma produção textual, por meio
da qual o autor faz uma breve apreciação, e uma descrição a respeito de
acontecimentos culturais (como uma feira de livros, por exemplo) ou de obras
(cinematográficas, musicais, teatrais ou literárias), com o objetivo de
apresentar o objeto (acontecimento ou obras), de forma sintetizada, apontando,
guiando e convidando o leitor (ou espectador) a conhecer tal objeto na integra,
ou não (resenha crítica).
Uma resenha deve conter uma análise e um julgamento
(de verdade ou de valor).
Uma resenha pode ser:
* Descritiva – É o caso dos resumos de livros
técnicos, também chamada de resenha técnica ou cientifica. A apreciação, ou o
julgamento em uma resenha descritiva julga as ideias do autor, a consistência e
a pertinência de suas colocações, ao longo da descrição da obra, ou seja,
trata-se de um julgamento de verdade.
* Crítica ou opinativa – Nesse tipo de resenha o
conteúdo apresentado é um pouco mais detalhado do que na resenha descritiva,
pois os critérios de julgamento são de valor, de beleza da forma, estilo do
objeto (acontecimento ou obra). A exploração um pouco maior dos detalhes ocorre
devido à necessidade de que o autor da resenha fundamente suas críticas, sejam
elas positivas ou negativas, utilizando outros autores que trabalharam o mesmo
tema.
Referencias Bibliográficas:
Livro Novas Palavras 2ª série
Emília Amaral / Mauro Ferreira/ Ricardo Leite/
Severino Antonio
Português Linguagens 2{ Série
Literatura- produção de texto e gramática
Willian Roberto Cereja – Thereza cochar Magalhães.
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