sábado, 3 de agosto de 2013

Parnasianismo



ROTEIRO DE ATIVIDADES
- 3º bimestre da 2ª Série do Ensino Médio: 1º CICLO -

POESIA NO PARNASIANISMO

TEXTO GERADOR I

O primeiro texto gerador desse ciclo, As pombas, é de autoria de Raimundo Correia. A obra desse poeta normalmente remete a temas como a natureza, a perfeição formal dos objetos e a cultura clássica.

As pombas

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...

(Raimundo Correia)

Vocabulário:
Céleres – Velozes.
Nortada – Vento frio e/ou áspero que sopra do norte.
Revoada – Bando de aves que revoam.
Ruflar – Agitar as asas para voar.


ATIVIDADE DE LEITURA

QUESTÃO 1
Os poetas parnasianos tinham como um de seus preceitos básicos o culto da forma. Por essa razão, cultivavam o soneto: composição poética de 14 versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos, apresentando métrica regular – normalmente versos alexandrinos (12 sílabas poéticas) e decassílabos (10 sílabas poéticas) – e rima.

A) Sobre o poema “As pombas”, assinale a alternativa correta:

(a)    É um soneto de versos alexandrinos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD/EED (nos tercetos).
(b)   É um soneto de versos decassílabos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD/EED (nos tercetos).
(c)    É um soneto de versos alexandrinos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD (nos tercetos).
(d)   É um soneto de versos decassílabos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD (nos tercetos).


B) Muitos sonetos parnasianos cultivaram a rima rica, ou seja, rimas entre palavras de classes gramaticais diferentes. No poema “As pombas”, temos um exemplo de rima rica na seguinte alternativa:

(a)    soltam/voltam
(b)   abotoam/voam
(c)    pombais/mais
(d)   nortada/revoada


ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

QUESTÃO 2
“As pombas” é um soneto terminado com “chave de ouro”, isto é, um verso final bem escrito, que procura condensar uma ideia e arrematar o poema com um belo efeito. A figura de linguagem que contribuiu para a construção do efeito “chave de ouro” no referido poema foi:

(a)    antítese
(b)   elipse
(c)    anáfora
(d)   hipérbato



TEXTO GERADOR II

O segundo texto gerador do ciclo intitula-se A um poeta. Seu autor, Olavo Bilac, é considerado o “ourives da linguagem” devido a sua preocupação com a forma poética.

A um poeta

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.

(Olavo Bilac)

Vocabulário:
Artifício – Recurso engenhoso.
Beneditino – Aquele que segue as regras de São Bento, fundador do sistema monástico cristão. Monge da Ordem de São Bento.
Claustro – Ambiente de isolamento.
Estéril – Improdutivo.
Suplício – Aflição.
Turbilhão – Movimento.


ATIVIDADE DE LEITURA

QUESTÃO 3

Leia o fragmento a seguir:

“A busca da objetividade temática e o culto da forma são as mais importantes características do Parnasianismo. Os poetas parnasianos opunham-se ao individualismo, ao sentimentalismo e ao subjetivismo românticos, e procuraram voltar sua poesia para temas que consideravam mais universais, como a natureza, a história, o amor, os objetos inanimados, além da própria poesia. Essa poética da impessoalidade era reforçada pelo gosto da descrição e do rigor formal. O ideal da "arte pela arte" resultou em acentuada preocupação com a versificação e a metrificação, pois se acreditava que a Beleza residia também na forma.” (Disponível em: http://www.itaucultural.org.br)

Em “A um poeta”, Olavo Bilac aproxima o ofício de ser poeta ao ofício de um escultor: ambos buscam moldar, perfeitamente, a forma de seus objetos estéticos. Tendo por base a leitura do poema de Olavo Bilac e do fragmento acima, responda:

a)      Explique por que o último verso da 1ª estrofe é representativo do ideal da “arte pela arte”.

b)      Destaque um verso no qual o eu-lírico exteriorize a ideia de que o esforço empreendido na busca pela forma perfeita não pode transparecer no resultado final da poesia.


ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

QUESTÃO 4
Termos acessórios da oração são aqueles que, embora não integrem necessariamente a estrutura básica da oração, contribuem por informarem características ou circunstâncias relativas a um substantivo, pronome ou verbo. O aposto é um dos termos acessórios da oração, que tem por função explicar, esclarecer, resumir ou comentar algo sobre um termo de natureza nominal. Em “A um poeta”, destaque um aposto e diga o nome ao qual ele está relacionado.


TEXTO GERADOR III

O poema seguinte é da autoria de Alberto de Oliveira, um dos grandes representantes do Parnasianismo. Através deste poema, será possível aprofundar as relações das características da estética ao seu contexto social e histórico.


O Ídolo
                                  
Sobre um trono de mármore sombrio,
Em templo escuro, há muito abandonado,
Em seu grande silêncio, austero e frio
Um ídolo de gesso está sentado.

E como à estranha mão, a paz silente
Quebrando em torno às funerárias urnas,
Ressoa um órgão compassadamente
Pelas amplas abóbadas soturnas.

Cai fora a noite - mar que se retrata
Em outro mar - dois pélagos azuis;
Num as ondas - alcíones de prata,
No outro os astros - alcíones de luz.

E de seu negro mármore no trono
O ídolo de gesso está sentado.
Assim um coração repousa em sono...
Assim meu coração vive fechado.

(Alberto de Oliveira)


Vocabulário:
Alcíones – Estrela de terceira grandeza, a mais brilhante das Plêiades.
Austero – Severo.
Pélago(s) – Abismo marítimo; pego. 2. mar alto.
Silente – Silencioso, calado, que não faz barulho.
Soturno – Assustador; amedrontador; apavorante; terrível.


Atividade de Leitura

Questão 5
A Belle Époque pode ser considerada a época dourada das elites europeias. Os cabarés, os cafés parisienses e o can-can (dança típica de cabaré) compõem a imagem da riqueza e modernidade da França no final do século XIX. O processo de urbanização ocorrido na cidade do Rio de Janeiro tomou a sofisticação francesa por modelo, como comprovaram as construções arquitetônicas. Além disso, o comportamento do brasileiro, o modo de falar usando muitas expressões francesas e hábitos como tocar piano também demonstraram a força dessa influência. O Parnasianismo, alheio às questões da realidade, representou a tradução poética de um período de euforia e de relativa tranquilidade social, no qual a forma se sobrepôs às ideias.

Sobre a poesia criada na Belle Époque brasileira, pesa a acusação de “afetação pelo preciosismo da linguagem e da forma, buriladas como preciosa ourivesaria e superficialidade pela recusa das questões político-sociais de seu tempo” (BARROS, Fernando Monteiro de. Parnasianismo brasileiro: Conservador e transgressor. Fólio – Revista de Letras. Vitória da Conquista. v.3, n. 1. Jan/ Jun. 2011. p. 22).

Retire da 1ª estrofe do poema de Alberto de Oliveira um verso que comprove a afirmação e explique por quê.


ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

Questão 6
Segundo Rocha Lima, figuras de linguagem são formas de expressar o pensamento ou o sentimento “com energia e colorido, a serviço das intenções estéticas de quem as usa”. Representam, portanto, recursos linguísticos explorados principalmente pelos escritores, que buscam se comunicar com vivacidade e beleza.
        
A) Percebemos, na estrofe abaixo, a presença da figura de linguagem comparação.  Comparação ou símile é uma correlação de ideias em que se utilizam elementos comparativos (como, conforme, tal como etc).  Releia a estrofe destacada abaixo e assinale a opção em que se identifica o emprego dessa figura:

“E como à estranha mão, a paz silente
Quebrando em torno às funerárias urnas,
Ressoa um órgão compassadamente
Pelas amplas abóbadas soturnas”.

(a) “Jorra do teu olhar um rio luminoso”. (Olavo Bilac)
(b) “Enquanto mandas as ninfas amorosas grinaldas nas cabeças pôr de rosas.” (Camões)
(c) “Qual um filósofo, o poeta vive a procurar o mistério oculto das cousas.”
(d) “Vi claramente visto o lume vivo.” (Camões)
(e) “Astros, noites tempestades,
      Rolai das imensidades!”     (Castro Alves)


B) A poesia parnasiana sustenta-se enquanto forma bem lapidada, cuja matéria-prima é um vocabulário raro, numa sintaxe elaborada. Em busca do rebuscamento, os poetas lançam mão de inúmeros recursos estilísticos, dentre os quais as figuras de linguagem. Identifique a figura de linguagem presente neste verso do poema “O ídolo”:

Assim um coração repousa em sono...”

(a) hipérbole, porque há um exagero de expressão.
(b) eufemismo, porque há uma suavização de ideia.
(c) metonímia, porque se substitui uma parte pelo todo.
(d) anáfora, porque há uma repetição de palavras.
(e) antítese, porque há palavras opostas justapostas.


C) Na busca da perfeição formal, o poeta parnasiano usa o ritmo, a métrica, a versificação. Para criar imagens sugestivas, ele lança mão de figuras de linguagem. Com bastante descritivismo, Alberto de Oliveira nos remete a uma imagem, nesta estrofe abaixo, criada a partir de uma sequência de:

“Cai fora a noite - mar que se retrata
Em outro mar - dois pélagos azuis;
Num as ondas - alcíones de prata,
No outro os astros - alcíones de luz.”

(a) metonímias, porque se substitui parte de uma idéia pelo todo, pelo conjunto.
(b) metáforas, porque há comparações feitas de forma indireta.
(c) antíteses, porque há ideias opostas.
(d) sinestesias, porque há misturas de sensações.
(e) catacreses, porque há esvaziamento do sentido de uma palavra em detrimento a outra.




TEXTO COMPLEMENTAR

O poema Os sapos, da autoria de Manuel Bandeira, lido durante a Semana de Arte Moderna, ridiculariza a excessiva preocupação formal dos parnasianos.



abilidades do eixo lda graúna 

Os Sapos

(...)

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

(...)
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

(...)

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

(...)

Manuel Bandeira

Vocabulário:
Assomo – Sinal.
Cancioneiro – Coleção de canções, coleção de poesias líricas.
Cognatos – Palavras que apresentam o mesmo radical. Ex.: pedra, pedreiro. 
Lavor – Trabalho.
Perau – Declive rápido do fundo do mar ou de um rio, junto à costa ou à margem.


AtividadeS de Leitura

Questão 7
Uma tendência forte do primeiro momento do Modernismo foi fazer o poema-piada, modalidade em que se enquadra o poema “Os sapos”. Manuel Bandeira satiriza o movimento parnasiano, criticando a preocupação excessiva com o aspecto formal. Essa foi outra grande tendência do movimento modernista: criticar a literatura parnasiana, que os modernistas consideravam ultrapassada.
A partir das estrofes destacadas, reconheça as características da poética parnasiana que eram tão criticadas pelos poetas modernistas.

A)

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.


B)

“Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.”

C)

“Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.”


Questão 8
Segundo Alfredo Bosi, o movimento modernista pretendia “mover as águas estagnadas da Belle Époque” e denunciar o atraso cultural do país. A Belle Époque foi um período em que se acreditava no progresso e na infinitude das riquezas e dos benefícios gerados por ele.
O poema Os sapos de Manuel Bandeira sintetiza esse objetivo de mexer nas “águas estagnadas”. Para isso, o poeta usa a imagem do sapo-tanoeiro que representaria os poetas parnasianos e sua preocupação excessiva com a rima e a métrica. Para os modernistas, esse rigor com a linguagem distanciaria a poesia do povo, como revela o final do poema.
Releia as duas últimas estrofes do poema e explique de que forma esses versos confirmam a intenção crítica:

Caixa de texto: “Longe dessa grita, 
Lá onde mais densa 
A noite infinita 
Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo, 
Sem glória, sem fé, 
No perau profundo 
E solitário, é”



ATIVIDADES DE PRODUÇÃO TEXTUAL

QUESTÃO 9
Paráfrase “é a reafirmação, em palavras diferentes, do mesmo sentido de uma obra escrita. Uma paráfrase pode ser uma afirmação geral da ideia de uma obra como esclarecimento de uma passagem difícil. Em geral ela se aproxima do original em extensão” (SANT’ANNA, p. 17).

Agora, você produzirá uma paráfrase a partir de um dos poemas parnasianos que você leu.


QUESTÃO 10
Originalmente, o soneto (pequeno som), como o próprio nome sugere, era composto para ser cantado. As características estruturais e prosódicas dessa composição poética foram aproveitadas pela banda brasileira Kid Abelha, que musicou o poema parnasiano “Via Láctea” (soneto XIII), de Olavo Bilac.
Outro famoso caso de transposição poema/música se deu com o poema “As pombas”, de Raimundo Correia, musicado por Chiquinha Gonzaga, compositora e maestrina carioca nascida no final do século XIX. O soneto de Bilac e a versão musicada pelo grupo Kid Abelha podem ser observados a seguir.

 

Via Láctea- Soneto XIII

 

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso" Eu vou direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de encanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um páleo aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem quando estão contigo?".

E eu vos direi "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".

(Olavo Bilac)

 

Ouvir Estrelas

 

Direi ouvir estrelas
Certo perdestes o senso
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouvi-las
Muita vez desperto
E abro as janelas,
Pálido de espanto
Enquanto conversamos
Cintila via láctea
Como um pálido aberto
E ao vir do sol,
Saudoso e em pranto
Inda as procuro pelo céu deserto
Que conversas com elas
O que te dizem
Quando estão contigo
Ah... Amai para entendê-las
Ah... Pois só que ama pode ouvir estrelas

(Kid Abelha)
Vocabulário:
Cintila – Resplandece.
Páleo – Antigo, velho.
Tresloucado – Louco, desvairado.

Agora é a sua vez! Escolha um dos sonetos que compõem este Roteiro de Atividades para, em seguida, musicá-lo.

2 comentários:

Unknown disse...

Qual a resposta de tosas ?

Unknown disse...

Qual e respostas