ROTEIRO DE ATIVIDADES
- 3º bimestre da 2ª Série do
Ensino Médio: 1º CICLO -
POESIA NO
PARNASIANISMO
TEXTO GERADOR I
O primeiro texto gerador desse
ciclo, As pombas, é de autoria de
Raimundo Correia. A obra desse poeta normalmente remete a temas como a natureza,
a perfeição formal dos objetos e a cultura clássica.
As pombas
Vai-se a primeira pomba despertada... Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas De pombas vão-se dos pombais, apenas Raia sanguínea e fresca a madrugada... E à tarde, quando a rígida nortada Sopra, aos pombais de novo elas, serenas, Ruflando as asas, sacudindo as penas, Voltam todas em bando e em revoada... Também dos corações onde abotoam, Os sonhos, um por um, céleres voam, Como voam as pombas dos pombais; No azul da adolescência as asas soltam, Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam, E eles aos corações não voltam mais... (Raimundo Correia) |
Vocabulário:
Céleres
– Velozes.
Nortada
– Vento frio e/ou áspero que sopra do norte.
Revoada
– Bando de aves que revoam.
Ruflar
– Agitar as asas para voar.
ATIVIDADE DE LEITURA
QUESTÃO
1
Os poetas parnasianos tinham como um de seus
preceitos básicos o culto da forma. Por essa razão, cultivavam o soneto:
composição poética de 14 versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos,
apresentando métrica regular – normalmente versos alexandrinos (12 sílabas
poéticas) e decassílabos (10 sílabas poéticas) – e rima.
A) Sobre o poema “As
pombas”, assinale a alternativa correta:
(a) É um soneto de
versos alexandrinos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD/EED (nos
tercetos).
(b) É um soneto de
versos decassílabos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD/EED (nos
tercetos).
(c) É um soneto de
versos alexandrinos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD (nos tercetos).
(d) É um soneto de
versos decassílabos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD (nos tercetos).
B) Muitos sonetos
parnasianos cultivaram a rima rica,
ou seja, rimas entre palavras de classes gramaticais diferentes. No poema “As
pombas”, temos um exemplo de rima rica na seguinte alternativa:
(a)
soltam/voltam
(b)
abotoam/voam
(c)
pombais/mais
(d)
nortada/revoada
ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA
QUESTÃO
2
“As pombas” é um soneto terminado com “chave
de ouro”, isto é, um verso final bem escrito, que procura condensar uma ideia e
arrematar o poema com um belo efeito. A figura de linguagem que contribuiu para
a construção do efeito “chave de ouro” no referido poema foi:
(a)
antítese
(b)
elipse
(c)
anáfora
(d)
hipérbato
TEXTO
GERADOR II
O segundo texto gerador do ciclo
intitula-se A um poeta. Seu autor,
Olavo Bilac, é considerado o “ourives da linguagem” devido a sua preocupação
com a forma poética.
A um poeta
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego, Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e trama viva se construa De tal modo, que a imagem fique nua, Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E, natural, o efeito agrade, Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício, É a força e a graça na simplicidade.
(Olavo Bilac)
|
Vocabulário:
Artifício – Recurso
engenhoso.
Beneditino
– Aquele que segue as regras de São Bento, fundador do sistema monástico
cristão. Monge da Ordem de São Bento.
Claustro
– Ambiente de isolamento.
Estéril
– Improdutivo.
Suplício
– Aflição.
Turbilhão
– Movimento.
ATIVIDADE DE LEITURA
QUESTÃO 3
Leia o
fragmento a seguir:
“A busca da
objetividade temática e o culto da forma são as mais importantes
características do Parnasianismo. Os poetas parnasianos opunham-se ao
individualismo, ao sentimentalismo e ao subjetivismo românticos, e procuraram
voltar sua poesia para temas que consideravam mais universais, como a natureza,
a história, o amor, os objetos inanimados, além da própria poesia. Essa poética
da impessoalidade era reforçada pelo gosto da descrição e do rigor formal. O
ideal da "arte pela arte" resultou em acentuada preocupação com a
versificação e a metrificação, pois se acreditava que a Beleza residia também
na forma.” (Disponível em: http://www.itaucultural.org.br)
Em “A
um poeta”, Olavo Bilac aproxima o ofício de ser poeta ao ofício de um escultor:
ambos buscam moldar, perfeitamente, a forma de seus objetos estéticos. Tendo
por base a leitura do poema de Olavo Bilac e do fragmento acima, responda:
a) Explique por que o último verso da 1ª estrofe é
representativo do ideal da “arte pela arte”.
b) Destaque um verso no qual o eu-lírico exteriorize a
ideia de que o esforço empreendido na busca pela forma perfeita não pode
transparecer no resultado final da poesia.
ATIVIDADE DE USO DA
LÍNGUA
QUESTÃO 4
Termos
acessórios da oração são aqueles que, embora não integrem necessariamente a
estrutura básica da oração, contribuem por informarem características ou
circunstâncias relativas a um substantivo, pronome ou verbo. O aposto é um dos termos acessórios da
oração, que tem por função explicar, esclarecer, resumir ou comentar algo sobre
um termo de natureza nominal. Em “A um poeta”, destaque um aposto e diga o nome
ao qual ele está relacionado.
TEXTO GERADOR III
O poema seguinte é da autoria de Alberto de Oliveira, um dos grandes
representantes do Parnasianismo. Através deste poema, será possível aprofundar
as relações das características da estética ao seu contexto social e histórico.
O Ídolo
Sobre um trono de mármore
sombrio,
Em templo escuro, há muito abandonado, Em seu grande silêncio, austero e frio Um ídolo de gesso está sentado.
E como à estranha mão, a paz silente
Quebrando em torno às funerárias urnas, Ressoa um órgão compassadamente Pelas amplas abóbadas soturnas.
Cai fora a noite - mar que se
retrata
Em outro mar - dois pélagos azuis; Num as ondas - alcíones de prata, No outro os astros - alcíones de luz.
E de seu negro mármore no
trono
O ídolo de gesso está sentado. Assim um coração repousa em sono... Assim meu coração vive fechado.
(Alberto de Oliveira)
|
Vocabulário:
Alcíones
– Estrela de terceira grandeza, a mais brilhante das Plêiades.
Austero
– Severo.
Pélago(s) – Abismo marítimo;
pego. 2. mar alto.
Silente – Silencioso, calado,
que não faz barulho.
Soturno – Assustador; amedrontador; apavorante;
terrível.
Atividade
de Leitura
Questão 5
A Belle
Époque pode ser considerada a época
dourada das elites europeias. Os cabarés, os cafés parisienses e o can-can (dança típica de cabaré) compõem
a imagem da riqueza e modernidade da França no final do século XIX. O processo
de urbanização ocorrido na cidade do Rio de Janeiro tomou a sofisticação
francesa por modelo, como comprovaram as construções arquitetônicas. Além
disso, o comportamento do brasileiro, o modo de falar usando muitas expressões
francesas e hábitos como tocar piano também demonstraram a força dessa
influência. O Parnasianismo, alheio às questões da realidade, representou a
tradução poética de um período de euforia e de relativa tranquilidade social,
no qual a forma se sobrepôs às ideias.
Sobre a poesia criada na Belle Époque brasileira, pesa a acusação
de “afetação pelo
preciosismo da linguagem e da forma, buriladas como preciosa ourivesaria e
superficialidade pela recusa das questões político-sociais de seu tempo”
(BARROS, Fernando Monteiro de. Parnasianismo
brasileiro: Conservador e transgressor. Fólio – Revista de Letras. Vitória
da Conquista. v.3, n. 1. Jan/ Jun. 2011. p. 22).
Retire da 1ª estrofe do poema de Alberto de Oliveira um
verso que comprove a afirmação e explique por quê.
ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA
Questão 6
Segundo Rocha Lima, figuras de linguagem são formas de
expressar o pensamento ou o sentimento “com energia e colorido, a serviço das
intenções estéticas de quem as usa”. Representam, portanto, recursos
linguísticos explorados principalmente pelos escritores, que buscam se comunicar
com vivacidade e beleza.
A)
Percebemos, na estrofe abaixo, a presença da figura de linguagem comparação.
Comparação ou símile é uma
correlação de ideias em que se utilizam elementos comparativos (como, conforme,
tal como etc). Releia a estrofe
destacada abaixo e assinale a opção em que se identifica o emprego dessa
figura:
“E como à estranha mão, a paz
silente
Quebrando em torno às funerárias urnas,
Ressoa um órgão compassadamente
Pelas amplas abóbadas soturnas”.
Quebrando em torno às funerárias urnas,
Ressoa um órgão compassadamente
Pelas amplas abóbadas soturnas”.
(a) “Jorra do teu
olhar um rio luminoso”. (Olavo Bilac)
(b) “Enquanto
mandas as ninfas amorosas grinaldas nas cabeças pôr de rosas.” (Camões)
(c) “Qual um filósofo, o poeta vive a procurar o mistério oculto
das cousas.”
(d) “Vi
claramente visto o lume vivo.” (Camões)
(e) “Astros,
noites tempestades,
Rolai
das imensidades!” (Castro Alves)
B) A poesia parnasiana sustenta-se enquanto
forma bem lapidada, cuja matéria-prima é um vocabulário raro, numa sintaxe
elaborada. Em busca do rebuscamento, os poetas
lançam mão de inúmeros recursos estilísticos, dentre os quais as figuras de
linguagem. Identifique a figura de linguagem presente neste verso do
poema “O ídolo”:
“Assim um coração repousa em
sono...”
(a) hipérbole,
porque há um exagero de expressão.
(b) eufemismo,
porque há uma suavização de ideia.
(c) metonímia,
porque se substitui uma parte pelo todo.
(d) anáfora, porque
há uma repetição de palavras.
(e) antítese,
porque há palavras opostas justapostas.
C) Na busca da perfeição formal, o poeta
parnasiano usa o ritmo, a métrica, a versificação. Para criar imagens sugestivas,
ele lança mão de figuras de linguagem. Com bastante descritivismo, Alberto de
Oliveira nos remete a uma imagem, nesta estrofe abaixo, criada a partir de uma
sequência de:
“Cai fora a noite - mar que se
retrata
Em outro mar - dois pélagos azuis;
Num as ondas - alcíones de prata,
No outro os astros - alcíones de luz.”
Em outro mar - dois pélagos azuis;
Num as ondas - alcíones de prata,
No outro os astros - alcíones de luz.”
(a) metonímias, porque se substitui parte de
uma idéia pelo todo, pelo conjunto.
(b) metáforas, porque há comparações
feitas de forma indireta.
(c) antíteses, porque há ideias
opostas.
(d) sinestesias, porque há
misturas de sensações.
(e) catacreses, porque há
esvaziamento do sentido de uma palavra em detrimento a outra.
TEXTO COMPLEMENTAR
O poema Os
sapos, da autoria de Manuel Bandeira, lido durante a Semana de Arte
Moderna, ridiculariza a excessiva preocupação formal dos parnasianos.
Os
Sapos
(...)
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado, Diz: - "Meu cancioneiro É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos.
(...)
|
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro: - A grande arte é como Lavor de joalheiro.
(...)
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa A noite infinita Veste a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é
(...)
Manuel
Bandeira
|
Vocabulário:
Assomo
– Sinal.
Cancioneiro
– Coleção de canções, coleção de poesias líricas.
Cognatos
– Palavras que apresentam o mesmo radical. Ex.: pedra, pedreiro.
Lavor
– Trabalho.
Perau
– Declive rápido do fundo do mar ou de um rio, junto à costa ou à margem.
AtividadeS de Leitura
Questão 7
Uma tendência forte do primeiro momento do
Modernismo foi fazer o poema-piada, modalidade em que se enquadra o poema “Os
sapos”. Manuel Bandeira satiriza o movimento parnasiano, criticando a
preocupação excessiva com o aspecto formal. Essa foi outra grande tendência do
movimento modernista: criticar a literatura parnasiana, que os modernistas
consideravam ultrapassada.
A partir das estrofes destacadas, reconheça as características da
poética parnasiana que eram tão criticadas pelos poetas modernistas.
A)
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
B)
“Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.”
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.”
C)
“Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.”
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.”
Questão 8
Segundo Alfredo Bosi, o movimento modernista pretendia
“mover as águas estagnadas da Belle
Époque” e denunciar o atraso cultural do país. A Belle Époque foi um período em que se acreditava no progresso e na
infinitude das riquezas e dos benefícios gerados por ele.
O poema Os sapos de Manuel Bandeira sintetiza esse objetivo de mexer nas
“águas estagnadas”. Para
isso, o poeta usa a imagem do sapo-tanoeiro que representaria os poetas
parnasianos e sua preocupação excessiva com a rima e a métrica. Para os
modernistas, esse rigor com a linguagem distanciaria a poesia do povo, como
revela o final do poema.
Releia as duas últimas estrofes
do poema e explique de que forma esses versos confirmam a intenção crítica:
ATIVIDADES DE PRODUÇÃO
TEXTUAL
QUESTÃO 9
Paráfrase
“é a reafirmação, em palavras diferentes, do mesmo sentido de uma obra escrita.
Uma paráfrase pode ser uma afirmação geral da ideia de uma obra como
esclarecimento de uma passagem difícil. Em geral ela se aproxima do original em
extensão” (SANT’ANNA, p. 17).
Agora, você produzirá
uma paráfrase a partir de um dos poemas parnasianos que você leu.
QUESTÃO
10
Originalmente, o soneto (pequeno som), como o
próprio nome sugere, era composto para ser cantado. As características
estruturais e prosódicas dessa composição poética foram aproveitadas pela banda
brasileira Kid Abelha, que musicou o poema parnasiano “Via Láctea” (soneto
XIII), de Olavo Bilac.
Outro famoso caso de transposição poema/música se
deu com o poema “As pombas”, de Raimundo Correia, musicado por Chiquinha Gonzaga,
compositora e maestrina carioca nascida no final do século XIX. O soneto de
Bilac e a versão musicada pelo grupo Kid Abelha podem ser observados a seguir.
Via Láctea- Soneto XIII
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso" Eu vou direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto E abro as janelas, pálido de encanto... E conversamos toda a noite, enquanto A via láctea, como um páleo aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora "Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem quando estão contigo?". E eu vos direi "Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas". (Olavo Bilac) |
Ouvir Estrelas
Direi ouvir estrelas
Certo perdestes o senso E eu vos direi, no entanto Que, para ouvi-las Muita vez desperto E abro as janelas,
Pálido de espanto
Enquanto conversamos Cintila via láctea Como um pálido aberto E ao vir do sol, Saudoso e em pranto Inda as procuro pelo céu deserto Que conversas com elas O que te dizem Quando estão contigo Ah... Amai para entendê-las Ah... Pois só que ama pode ouvir estrelas
(Kid Abelha)
|
Vocabulário:
Cintila – Resplandece.
Páleo – Antigo, velho.
Tresloucado – Louco, desvairado.
Agora é a sua vez! Escolha um dos sonetos que
compõem este Roteiro de Atividades para, em seguida, musicá-lo.
2 comentários:
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Qual e respostas
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