sexta-feira, 19 de julho de 2013

Roteiro de Atividades/ SEEDUC




Texto Gerador 1
Carta de Achamento do Brasil (Pero Vaz de Caminha)



Senhor,
posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vos­sa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que – para o bem contar e falar – o saiba pior que todos fazer!
Todavia tome Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual bem certo creia que, para aformosentar nem afear, aqui não há de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu. [...]
E portanto, Senhor, do que hei de falar começo. E digo quê:
[...] seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das Oitavas de Pás­coa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam furabuchos. Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redon­do; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz! [...]
E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos que chegaram primeiro [...]. A feição deles é serem pardos, um tan­to avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. [...]
O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço. [...] Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata! [...]
Dos que ali andavam, muitos – quase a maior parte – traziam aqueles bicos de osso nos beiços.
E alguns, que andavam sem eles, traziam os beiços furados e nos buracos traziam uns es­pelhos de pau, que pareciam espelhos de borracha. E alguns deles traziam três daqueles bicos, a saber um no meio, e os dois nos cabos.
E andavam lá outros, quartejados de cores, a saber metade deles da sua própria cor, e metade de tintura preta, um tanto azulada; e outros quartejados d'escaques.
Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas costas; e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonhavam. [...]
Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e frutos, que a terra e as árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios, que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos [...].
Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as apa­rências. E portanto se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, por­que certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles qualquer cunho que lhe quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. [...] E segundo o que a mim e a todos pareceu, esta gente, não lhes falece outra coisa para ser toda cristã, do que entenderem-nos, porque assim tomavam aquilo que nos viam fazer como nós mesmos; por onde pareceu a todos que nenhuma idolatria nem adoração têm. E bem creio que, se Vossa Alteza aqui mandar quem entre eles mais devagar ande, que todos serão tornados e convertidos ao desejo de Vossa Alteza.[...]
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela [na nova terra], ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados [...]. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se a um pouco alonguei, Ela me perdoe. Porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo. [...]
Beijo as mãos de Vossa Alteza
Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.
Pero Vaz de Caminha.

(CAMINHA, Pero Vaz de. Carta a El Rei D. Manuel. Disponível em:  http://www.culturabrasil.org/zip/carta.pdf. p. 1, 2, 3, 7, 8, 9.)






ATIVIDADES DE USO DA LÍNGUA




Nesta obra do artista gráfico holandês M. C. Escher (1898 - 1972) observamos duas mãos, em que cada uma desenha a outra, não sendo possível, entretanto, distinguir qual é a mão direita e qual é a mão esquerda. É uma obra autorreferente, em que o artista elabora uma arte que tem por tema o próprio trabalho desenvolvido por ele. O código torna-se o próprio referente teremos um processo metalinguístico.

Questão 1:


A-    Assinale a passagem da Carta de Pero Vaz de Caminha em que se explicita a metalinguagem:



A) “alguns vinham e outros iam-se e acabada a pregação, trazia Nicolau Coelho muitas cruzes de
estanho com crucifixos que lhe ficaram ainda da outra vinda...
B) “ao qual monte alto o Capitão pôs nome de Monte Pascoal, e à terra a Terra da Vera Cruz”.
C) “Este, andando assim entre eles falando, lhes acenou com o dedo para o altar e depois mostrou
o dedo para o céu...
D) “Eu creio, Senhor, que não dei ainda aqui conta a Vossa Alteza da feição de seus arcos e
setas”.

Habilidade trabalhada: Reconhecer as funções da linguagem: referencial, metalinguística, poética e emotiva.

Resposta comentada
Faz-se necessário que o professor retome a questão da metalinguagem para que o aluno possa estar ciente da resposta que dará em relação à atividade pedida. Explicar que a metalinguagem, em nível mais simples, ocorre na avaliação que o emissor faz de seu próprio código linguístico. Assim, no clichê das velhas cartas, “Escrevo estas mal traçadas linhas”, há o procedimento metalinguístico. O orador que pronuncia outro clichê, como “Não tenho palavras para expressar...”, também pratica tal expediente.
A alternativa correta é a letra d. pois nesse trecho ocorre o procedimento metalinguístico, o autor dirige-se a seu interlocutor e demonstra que ainda não escreveu sobre as armas dos indígenas. Nas demais alternativas, há narração e descrição da gente e da terra, sem referência ao ato de relatar.





B-     Uma mesma palavra pode expressar diferentes sentidos, que são determinados por fatores como o contexto e a intenção de quem fala ou escreve. Quando uma palavra é utilizada com significação objetiva, limitando-se aos sentidos descritos no dicionário, dizemos que foi empregada denotativamente. Quando é utilizada com significação subjetiva, expressando outros sentidos por associações, dizemos que foi empregada conotativamente.

Ali ficamos um pedaço bebendo e folgando ao longo dela, entre esse arvoredo que é tanto e tamanho tão basto e de tantas plumagens, que lhe não pode homem dar conta. Há entre eles muitas palmas, de que colhemos muitos e bons palmitos.

Com base no trecho é INCORRETO afirmar que:
a)      A terra descoberta é descrita como um espaço edênico, paradisíaco;
b)      A narração e a descrição ocorrem simultaneamente no trecho
c)      A linguagem figurada é utilizada de forma moderada
d)      A linguagem figurada é utilizada em todo trecho.

Habilidade Trabalhada:
Identificar o sentido conotativo e denotativo da linguagem

Resposta Comentada

Apesar de ser um texto informativo a cerca da terra brasileira, ele não utiliza apenas a linguagem denotativa. Há vários trechos em que as palavras foram utilizadas no sentido conotativo, como mostra o trecho acima e alguns outros trechos da carta como:
“Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e frutos, que a terra e as árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios, que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.”
“Contudo, o melhor fruto que dela [da nova terra] se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.”
É possível perceber que os termos destacados não possuem o mesmo significado nos dois contextos.
Neste fragmento destacado [Ali ficamos um pedaço bebendo e folgando ao longo dela...], a palavra destacada pode significar:
1. Estar de folga.
2. Divertir-se; alegrar-se.

No trecho “folgando” significa “descansando”
A resposta correta é a letra D.



Atividades de Leitura



Questão 2
A-    Marque as opções corretas.
Se Caminha estranhou a nudez dos indígenas e sua falta de cerimônia, isso mostra que ele:
A)    Pertencia a uma cultura em que a nudez era vista com naturalidade, como expressão da beleza humana.
B)     Pertencia a uma cultura em que a nudez era escondida, cercada de tabus e motivos de vergonha.
C)     Julgava o comportamento dos nativos pelo ponto de vista dos costumes europeus.
D)    Tinha consciência de que a cultura europeia não era a única legítima e que outros povos tinham costumes tão válidos como os seus _ainda que muito diferentes.
Habilidade trabalhada:
Identificar nos textos da literatura de informação e nos Jesuíticos as marcas das escolhas do autor, da relação com a tradição literária e com o contexto sociocultural.
Resposta comentada:
O texto de Caminha revela que os portugueses se surpreenderam com o comportamento dos indígenas e que eles tinham algumas expectativas em relação à nova terra. A cor da pele dos habitantes e o fato de andarem nus, a falta de cerimônia dos dois nativos para com o capitão (Cabral), sem imaginar que a hierarquia dos tripulantes portugueses não tinha vaidade alguma para eles. Tais procedimentos por parte dos indígenas causavam estranhamento por parte dos europeus, pois, eles os julgavam pelo ponto de vista de seus costumes e valores. Portanto, as respostas corretas são as letras b e c.

B-     Sabendo que o texto Gerador 1 faz parte da produção literária do Brasil no século XVI, assinale a alternativa caracteriza essa produção.
a)      Literatura religiosa de cunho estritamente indianista.
b)      Literatura brasileira, feita segundo padrões do classicismo português.
c)      Literatura de viagem de grande valor estético e cultural.
d)      Literatura religiosa e informativa  de fraco valor estético.
e)      Resposta comentada:
A produção literária do Brasil do século XVI caracteriza-se por uma literatura religiosa [jesuítica] que visava à conversão do índio e à educação do colono e por uma literatura cujo objetivo era informar os europeus acerca de como era a terra e os que nela viviam [de informação], portanto não tinha valor estético e alternativa correta é a letra E.

Texto Gerador 2

Duas Viagens ao Brasil (Hans Staden)
Capítulo 36: Como os selvagens comeram um prisioneiro e me levaram para a festa



Alguns dias depois, quiseram comer um prisioneiro numa aldeia chamada Ticoaripe, a cerca de seis milhas de Ubatuba. Da minha própria aldeia acorreram vários e me levaram junto. Fomos num barco. O escravo que queriam comer pertencia à tribo dos Maracajás.
Como é costume deles quando querem comer um homem, prepararam uma bebida de raízes que chamam de cauim. Somente depois da festa da bebida é que o matam.
Quando finalmente o momento chegou, fui na noite anterior ao festim falar com o escravo e disse-lhe: “Então você está preparado para morrer”. Ele riu e respondeu: “Sim, estou com todo o equipamento, apenas a muçurana não é bastante longa. Em casa temos melhores.” Eles chamam de muçurana uma corda de algodão algo mais espessa que um dedo, com a qual os prisioneiros são amarrados, e sua corda era cerca de seis braças curta demais. Ele falava como se estivesse indo a uma quermesse.
Eu tinha comigo um livro em português que os selvagens acharam num navio conquistado com a ajuda dos franceses e deram para mim. Eu li um pouco desse livro quando deixei o prisioneiro, e fiquei com pena dele. Por isso fui de novo encontrá-lo e falei outra vez com ele, pois os Maracajás estão entre os amigos dos portugueses: “Eu também sou prisioneiro, igual a você, e não vim porque quero comer um pedaço de você, e sim porque meus senhores me trouxeram”. Ao que ele respondeu que sabia muito bem que nós não comíamos carne humana. Continuei dizendo-lhe que devia consolar-se, pois eles comeriam apenas a sua carne, mas que seu espírito iria para um outro lugar, para onde também vão os nossos espíritos, e que lá havia muita alegria.
Ele perguntou, então, se isso era verdade. Eu disse que sim, e ele retrucou que jamais tinha visto Deus. Terminei dizendo que ele veria Deus na outra vida e afastei-me, uma vez que a conversa estava encerrada.
Na noite seguinte, bateu um forte vento soprando tão poderosamente que arrancou pedaços da cobertura da casa. O que fez os selvagens ficarem zangados comigo. Disseram em sua língua: “Aipó mair angaipaba ybytu guasu omou”. O que vem a ser: o homem mau, o santo, agora faz com que o vento chegue, pois durante o dia olhou na ‘pele do trovão’”. Assim chamavam o meu livro. Eu teria chamado o mau tempo porque o escravo era amigo nosso e dos portugueses e assim eu talvez quisesse impedir a festa. Então roguei a Deus e disse para mim mesmo: “Senhor, tu que me protegeste até agora, continua a proteger-me”. Isso porque sussurravam muito a meu respeito.
Quando amanheceu, o tempo estava bom. Bebiam e estavam muito contentes. Então fui ao encontro do escravo e disse-lhe: “O forte vento era Deus. Ele quer te levar até a presença Dele.” Ele foi comido no segundo dia depois desse. Vocês saberão como isso ocorreu no vigésimo nono capítulo do segundo livro.







Atividades de Leitura

Tomando como base os dois relatos – o de Staden e o de Caminha - dizem muito a respeito do estranhamento eurocêntrico da descoberta das Américas. Mas esse estranhamento segue lógicas diferenciadas.
  • Os índios são vistos por Caminha de maneira bem diversa da ótica de Hans Staden. Explique o ponto de vista de cada um.

Habilidades trabalhadas:

 Analisar e avaliar a presença do indígena na literatura de informação, na jesuítica e na literatura contemporânea; Identificar nos textos da literatura de informação e nos jesuíticos as marcas das escolhas do autor, da relação com a tradição literária e com o contexto sociocultural.

Resposta Comentada:
A literatura de viagem adormece sob um caráter essencialmente revelador: Quer ela nos contar o que o viajante assistiu, projetando em nosso imaginário o aparecimento descritivo de uma realidade diversa, vista através de um olhar particular. O assistir, no entanto, não passa de literatura centrada na impressão pessoal: As narrativas seguem, invariavelmente, pontos de vista.

Para que os alunos entendam a lógica dos textos em questão é necessário que o professor direcione o pensamento dos alunos de modo que eles possam avaliar a ótica do olhar de Staden e Caminha.
Hans Staden era um mercenário alemão que empreendeu duas viagens ao Brasil – a primeira em 1548, passando por Pernambuco e Paraíba, e a segunda em 1550, passando ela ilha Santa Catarina, dirigindo-se, posteriormente, a capitania de São Vicente, atual Estado de São Paulo. Suas rotas consistiram em séries incríveis de naufrágios e motins, até ser capturado pelos indígenas. Permaneceu nove meses com eles, sempre na eminência de ser comido. Seu relato é premido de receio e assombro, sempre se referindo aos índios enquanto selvagens.
Os índios são vistos por Caminha de maneira bem diversa da ótica de Hans Staden: São tidos como seres puros propensos à catequização: “(...) não duvido que eles [os índios], segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa santa fé, à qual praza o Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta gente é boa e de boa simplicidade” (Folha 11 da carta de Pero Vaz de Caminha). O contato primeiro na costa brasileira, para os portugueses, foi, portanto, um afável escambo. Os índios ganharam uma série de presentes e os lusitanos uma graúda porção de terra. Foi realizada ainda uma cerimônia religiosa na costa, com direito a cruz e participação indígena que, como consta na carta, empoleirava-se a margem da praia em grupos cada vez mais volumosos (grupos de centenas de índios iam ver a chegada lusa).
É certo que o olhar eurocêntrico cristão imperou sobre as narrativas de viagem desta época; a Europa estava fundada sobre a hegemonia da Igreja Católica; e isso se nota fortemente.
Portanto, Pero Vaz de Caminha viu os índios a partir de um escopo mais naturalista, menos amedrontador, embora ambos os tratassem em formas subjugadas, de acordo com a mentalidade da época.
 Para Staden há uma justificativa para tanto: a eminência de ser devorado. Agora, a recepção dos índios aos europeus nem sempre foi à mesma.


Atividades de Uso da Língua

  • Sabendo que o texto gerador 1 é um relato de viagem e faz parte da literatura de informação. Identifique a função da linguagem predominante e justifique.                                           
Habilidade trabalhada:

Identificar as funções da linguagem: referencial, metalinguística e poética.


Resposta comentada:


Se as funções da linguagem se definem pela ênfase dada a cada um dos elementos da comunicação, a identificação do enfoque dado ao referente conduzirá o aluno à conclusão de que, no Texto Gerador 1, a função predominante é a referencial.
A fim de comprovar essa análise, o aluno poderá destacar trechos da carta e observar as seguintes marcas linguísticas, comuns a textos referenciais: predomínio da objetividade, conteúdo informacional e linguagem impessoal, construída por meio do uso recorrente de verbos (de ligação) no presente e conjugados na 3ª pessoa gramatical.


 
No desenvolvimento desta questão, é necessário retomar a atividade A, que identifica os elementos da comunicação, a fim de analisar qual deles foi mais enfocado no texto. Paralelamente, é importante destacar os objetivos do relato de viagem que compõe a carta: descrever os acontecimentos, os lugares e as pessoas vistos ao longo de uma viagem. A partir dessa observação, mais facilmente, o aluno responderá que, neste texto, o elemento da comunicação que recebeu maior destaque foi o contexto ou referente.










Atividade de Produção Textual





A seguir, você vai ler dois textos: o primeiro parte de uma notícia de jornal; e o segundo é uma crônica do escritor Moacyr Scliar, criada a partir dessa notícia.



Ironia baseada na manchete:

 “Duas mulheres e três crianças, que moram debaixo de um viaduto na zona sudoeste de São Paulo, vão conhecer o Iguatemi” (Cotidiano 25 dez. 1998)

Roteiro Turístico

Apresentamos a seguir o roteiro de nossa excursão Viagem a um mundo encantado’, um excitante mergulho no maravilhoso universo do consumo.
\t9h – Início da excursão. Saída dos participantes do viaduto em que residem. O embarque será feito em ônibus comum, de linha. Não usaremos helicóptero nem mesmo ônibus especial. Não se trata de economia; queremos evidenciar o contraste entre um velho e barulhento veículo e a moderna e elegante construção que é o objeto de nossa visita.
\t10h – Chegada ao shopping. Depois do deslumbramento inicial, o grupo adentrará o recindo, o que deverá ser feito de forma organizada, sem tumulto, de maneira a não chamar atenção. Isto poderia resultar em incidentes desagradáveis.
\t10-12h – Visita às lojas. Este é o ponto alto de nossa tour; e para ele chamamos a atenção de todos os participantes. Poderão observar os últimos lançamentos da moda primavera-verão, os computadores mais avançados, os eletrodomésticos mais modernos. Numa das vitrines será visualizado o relógio de pulso Bulgari custando aproximadamente US$ 10 mil. Os nossos guias, sempre bem informados, farão uma análise desta quantia. Mostrarão a que equivale, em termos de salários mínimos e quantos anos de trabalho seriam necessários para adquirir tal relógio. Isto oportunizará uma reflexão sobre a dimensão filosófica do tempo, muito necessária, a nosso ver – já que o objetivo da agência não apenas o turismo banal, mas sim um alargamento do horizonte cultural de nossos clientes.
\t12-14h – Normalmente, este horário seria reservado ao almoço. Considerando, contudo, que o tempo é breve e custa caro (ver acima) propomos aos participantes um passeio pela área de alimentação, onde teremos uma visão abrangente do mundo do fast food. Lembramos que é proibido consumir os restos porventura deixados sobre a mesa ou mesmo caídos no chão.
\t14-16h – Continuação de nossa visita. Serão mostrados agora os locais de diversão. Os participantes poderão ver todos – repetimos, todos – os cartazes dos filmes em exibição.
\t16h – Embarque em ônibus de linha com destino ao ponto de partida, isto é, o viaduto.
\t17h – Nenhum acidente acontecendo, chegada ao viaduto e fim de nossos serviços.”

SCLIAR, Moacyr. O imaginário cotidiano. São Paulo: Gaia, 2006
Tendo como base o roteiro turístico criado por Moacyr Scliar de maneira fictícia, utilize sua imaginação.


Faça de conta que você é um guia turístico e participou de uma excursão. Relate como foi essa viagem.

Utilize a estrutura lógica do relato de viagem:

1) Como foi a preparação da viagem? A ansiedade, o trajeto, as dificuldades, quem foi com você?
2) Quais foram as primeiras ações? E as seguintes? Nessa parte do planejamento, é interessante destacar as ações em ordem cronológica, ou seja, reunir os fatos que marcaram desde sua chegada ao destino até o retorno da viagem na ordem em que aconteceram.
3) Como foi o retorno? Deixou saudade? Foi uma experiência ruim? Qual a lição que fica dessa experiência?









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