Texto Gerador I
AS POMBAS
Raimundo
Correia
Vai-se a
primeira pomba despertada...
Vai-se
outra... mais outra... enfim dezenas
De pomba
vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à
tarde, quando a rígida nortada
Sopra,
aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando
as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também
dos corações onde abotoam,
Os
sonhos, um por um céleres voam,
Como voam
as pombas dos pombais;
No azul
da adolescência as asas soltam
Fogem...
Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles
aos corações não voltam mais...
Vocabulário:
Céleres
– Velozes.
Nortada
– Vento frio e/ou áspero que sopra do norte.
Revoada
– Bando de aves que revoam.
Ruflar
– Agitar as asas para voar.
ATIVIDADE
DE LEITURA
QUESTÃO 1
No
texto, a revoada das aves é apresentada como uma cena do amanhecer. Na terceira
estrofe, porém, o conteúdo do poema ganha densidade com a analogia entre pombas
e sonhos: as primeiras partem, mas retornam sempre ao cair da tarde, enquanto
os sonhos, que deixam os corações, perdem-se pelo vasto mundo.
A última
estrofe do poema expressa
a) um
sentimento de euforia.
b) uma
visão esperançosa da vida.
c) um
sentimento de expectativa.
d) uma
visão pessimista da condição humana.
Habilidade
Trabalhada:
-
Reconhecer na estética simbolista traços da tendência pessimista do “fim do
século”.
Resposta comentada:
O
professor deverá fazer com que os alunos percebam que o poema critica a espécie
humana, apontando a vida, como sinônimo da perda de ilusões.
Na
mesma ótica, espera-se que o aluno perceba que o ''pombal'' são as pessoas na
adolescência, e as pombas são os sonhos destes jovens. Permitindo concluir que
o fim do poema é pessimista, já que aparece a angústia do autor perante a
passagem rápida do tempo, tendo em vista os tempos bons da adolescência. De modo que eles percebam que a resposta
correta é a letra D.
ATIVIDADE
DE USO DA LÍNGUA
QUESTÃO 2
Observe os versos finais do soneto “A
cavalgada”.
A
lua banha a solitária estrada...
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
(Raimundo
Correia)
Assim como “As pombas” é um soneto
terminado com “chave de ouro”, isto é, um verso final bem escrito, que procura
condensar uma ideia e arrematar o poema com um belo efeito. A figura de
linguagem que contribuiu para a construção do efeito “chave de ouro” nos referidos
poemas foi:
|
Habilidade
trabalhada:
Identificar os efeitos de sentido produzidos pelo
emprego de figuras de sintaxe como elipse, anáfora, hipérbato.
Resposta comentada:
È necessário que o professor ao trabalhar figuras de
linguagem que possa causar confusão a compreensão do aluno, possa citar vários
outros exemplos, para que a aprendizagem seja significativa. Sabemos que o
hipérbato, a anástrofe e a sínquise são
figuras de sintaxe que têm por característica a inversão dos termos da oração
ou dos períodos. Alguns gramáticos afirmam que ocorre anástrofe quando a
inversão ocorre geralmente entre o sujeito e predicado. No hipérbato, afirmam
ser essa alteração mais forte, como nos exemplos de Raimundo Correia. Na
sínquise, essa mudança será tão acentuada que prejudicará a compreensão em uma
primeira leitura. Nos versos:
“O som
longínquo vem-se aproximando
Do
galopar de estranha cavalgada.” (Raimundo
Correia). Cabe ao professor mostrar a ordem direta para que o aluno posa compreender
melhor a reconstrução. Ordem direta: O som longínquo do galopar de estranha
cavalgada vem-se aproximando.
Assim
como;
Mas aos
pombais as pombas voltam,
“Mas as pombas voltam aos pombais ...”
E eles
aos corações não voltam mais...
“E eles não voltam mais aos corações...”
Dessa forma o aluno estará apto a perceber que a
resposta correta é a letra D.
Observação:
Teve um ligeiro equívoco na hora da explicação das respostas. A resposta correta é a letra D. E, não a
letra B, como indicada no comentário do tutor, no Roteiro de Atividades-versão
professor.
ATIVIDADES DE PRODUÇÃO
TEXTUAL
VIA
LÁCTEA
Ora
(direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto,
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E ao vir do Sol, saudoso e em pranto
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado-amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Têm o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto,
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E ao vir do Sol, saudoso e em pranto
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado-amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Têm o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
OUVIR
ADOLESCENTES
Ora (dirás) ouvir adolescentes! Certo
Perdeste o senso! E eu te direi, no entanto,
Que para ouvi-los há que Chegar bem perto
E nunca assumir aquele ar de espanto...
Não é preciso “na deles” entrar, no entanto,
Basta a mente e o coração ter aberto
Para escutar seu mui aflito canto
Na dura busca de um futuro incerto.
ADOLESCENTES
Ora (dirás) ouvir adolescentes! Certo
Perdeste o senso! E eu te direi, no entanto,
Que para ouvi-los há que Chegar bem perto
E nunca assumir aquele ar de espanto...
Não é preciso “na deles” entrar, no entanto,
Basta a mente e o coração ter aberto
Para escutar seu mui aflito canto
Na dura busca de um futuro incerto.
Dirás agora: Tresloucado amigo!
Que conversas com eles? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?
E eu te direi: se é inveja o que sentes
Por vê-los gozar o que hajas perdido,
Não és capaz de ouvir adolescentes...
Luiz Carlos Osório
Após trabalhar o poema de Olavo Bilac Via Láctea- Soneto XIII e o poema ouvir adolescentes de Luiz Carlos Osório. Os alunos deverão produzir uma poesia: "Ora direis ouvir..." A criatividade será por conta deles.
Resposta
Comentada:
Ao iniciar
a atividade de produção textual o professor deverá retomar a explicação sobre
paródia e paráfrase para que o aluno possa compreender que a paráfrase
origina-se do grego “para-phrasis” (repetição de uma sentença). Assim,
parafrasear um texto, significa recriá-lo com outras palavras, porém sua
essência, seu conteúdo permanecem inalterados.
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